Leio o relatório do Frontex mais recente e fico por um lado satisfeito e por outro lado curioso; os números de
migrantes reduziram-se drasticamente na rota do mediterrâneo central, aquela
que maioritariamente liga a Líbia à Itália. Em
Agosto, o número de migrantes que chegaram à Itália através da rota do
Mediterrâneo Central caiu 60% em relação ao mês anterior, sendo de 4500.
Este foi o menor total mensal desde Janeiro do corrente ano. Após uma
queda significativa nos últimos dois meses nesta rota, o total de chegadas para
os oito meses deste ano foi de 99 800, uma queda de 13% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Com a rota dos Balcãs controlada
pelo acordo da EU com a Turquia, esta era a rota que mais problemas estava a
criar dado ser aquela que proporcionava a entrada do maior numero de migrantes
vindos de Africa e também do médio oriente.
Pelos vistos a Itália está a resolver o
problema. Restava-me saber como.
A cerca de um ano, o na altura primeiro ministro Italiano Matteo Renzi pressionado internamente por este problema e
não tendo da EU o apoio que a Alemanha tinha tido relativamente ao fecho da
rota dos Balcãs e da rota do Mediterrâneo Oriental disse no seu parlamento “If Europe continues like this, we will
have to organise on our own regarding immigration”
A Itália deixada sozinha pela EU, decidiu utilizar os seus conhecimentos diplomáticos
históricos no Norte de Africa e passou a tratar directamente do assunto em cash
com os lideres das milícias líbias, que são os verdadeiros gestores do narcotráfico
e do tráfico de seres humanos para a Europa.
O cérebro por detrás destas operações é Marco Minniti , ministro do
Interior, ex-espião.e ex-membro do Partido Comunista Italiano, que introduziu
uma série de iniciativas que têm tido enorme sucesso, como treinar as patrulhas
costeiras Líbias a "gerir" os barcos de migrantes, bem como negociar com todas as
partes do conflito Líbio o que melhor sirva ao seu pais. Minitti, dispõe de um
enorme capital, resultado de muitos anos de relacionamento diplomático com
lideres e aspirantes a lideres em todo o Norte de África um capital que, neste
caso, se revela providencial.
A Itália é um caso de sucesso no combate ao
terrorismo islâmico. Eu diria que Minniti tem uma cota parte neste
sucesso. Voltarei a este tema em breve.
Esta forma de resolver o problema já tinha tido sucesso previamente, ainda com Muammar al-Gaddafi no governo, tendo sido interrompida a quando da queda do regime em 2011.
Resta saber se tudo isto é sustentável e que consequências de longo prazo terá, pois o
dinheiro terá de fluir permanentemente e em quantidades cada vez maiores para estas milícias que, por sua vez ,conseguirão se fortalecer militarmente cada vez mais, deixando a Líbia próximo de
ser um estado falhado às portas da Europa. Isto ao mesmo tempo que nas prisões e nos campos
de refugiados Líbios se vão acumulando seres humanos que – muitos deles
– a única coisa que pretendiam era um lugar onde serem mais produtivos e felizes.
Alguns especialistas internacionais são cépticos e os grupos de direitos
humanos temem que o plano seja o equivalente a condenar os migrantes que chegam
à Líbia á morte e a escravatura.
Não censuro a Itália. Infelizmente a EU tem provado servir para muito
pouco, pois nem um entendimento básico para resolver devidamente este assunto
foi capaz. Cabe naturalmente aos Estados per
si resolver o problema. Como a Itália está a fazer.
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