terça-feira, 19 de setembro de 2017

Minniti, my name is Minitti; ou como o Ministro do Interior da Itália resolveu o problema dos Migrantes

Leio o relatório do Frontex mais recente e fico por um lado satisfeito e por outro lado curioso; os números de migrantes reduziram-se drasticamente na rota do mediterrâneo central, aquela que maioritariamente liga a Líbia à Itália. Em Agosto, o número de migrantes que chegaram à Itália através da rota do Mediterrâneo Central caiu 60% em relação ao mês anterior, sendo de 4500. Este foi o menor total mensal desde Janeiro do corrente ano. Após uma queda significativa nos últimos dois meses nesta rota, o total de chegadas para os oito meses deste ano foi de 99 800, uma queda de 13% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com a rota dos Balcãs controlada pelo acordo da EU com a Turquia, esta era a rota que mais problemas estava a criar dado ser aquela que proporcionava a entrada do maior numero de migrantes vindos de Africa e também do médio oriente.

Pelos vistos a Itália está a resolver o problema. Restava-me saber como.

A cerca de um ano, o na altura primeiro ministro Italiano Matteo Renzi pressionado internamente por este problema e não tendo da EU o apoio que a Alemanha tinha tido relativamente ao fecho da rota dos Balcãs e da rota do Mediterrâneo Oriental disse no seu parlamento “If Europe continues like this, we will have to organise on our own regarding immigration”

A Itália deixada sozinha pela EU, decidiu utilizar os seus conhecimentos diplomáticos históricos no Norte de Africa e passou a tratar directamente do assunto em cash com os lideres das milícias líbias, que são os verdadeiros gestores do narcotráfico e do tráfico de seres humanos para a Europa.

O cérebro por detrás destas operações é Marco Minniti , ministro do Interior, ex-espião.e ex-membro do Partido Comunista Italiano, que introduziu uma série de iniciativas que têm tido enorme sucesso, como treinar as patrulhas costeiras Líbias a "gerir" os barcos de migrantes, bem como negociar com todas as partes do conflito Líbio o que melhor sirva ao seu pais. Minitti, dispõe de um enorme capital, resultado de muitos anos de relacionamento diplomático com lideres e aspirantes a lideres em todo o Norte de África um capital que, neste caso, se revela providencial.

A Itália é um caso de sucesso no combate ao terrorismo islâmico. Eu diria que Minniti tem uma cota parte neste sucesso. Voltarei a este tema em breve.

Esta forma de resolver o problema já tinha tido sucesso previamente, ainda com Muammar al-Gaddafi no governo, tendo sido interrompida a quando da queda do regime em 2011. 

Resta saber se tudo isto é sustentável e que consequências de longo prazo terá, pois o dinheiro terá de fluir permanentemente e em quantidades cada vez maiores para estas milícias que, por sua vez ,conseguirão se fortalecer militarmente cada vez mais, deixando a Líbia próximo de ser um estado falhado às portas da Europa. Isto ao mesmo tempo que nas prisões e nos campos de refugiados Líbios se vão acumulando seres humanos que – muitos deles – a única coisa que pretendiam era um lugar onde serem mais produtivos e felizes. Alguns especialistas internacionais são cépticos e os grupos de direitos humanos temem que o plano seja o equivalente a condenar os migrantes que chegam à Líbia á morte e a escravatura.

Não censuro a Itália. Infelizmente a EU tem provado servir para muito pouco, pois nem um entendimento básico para resolver devidamente este assunto foi capaz. Cabe naturalmente aos Estados per si resolver o problema. Como a Itália está a fazer. 


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