O que aconteceu no passado fim de
semana em Portugal é só mais uma manifestação de algo muito mais abrangente que,
neste momento, se verifica em todas as sociedades avançadas do planeta; o
falhanço do Estado como forma de organização de sistemas complexos, como o é a
sociedade global e híper-conectada no séc. XXI.
O fim das grandes narrativas ideológicas,
que nos levaram à pós-modernidade e que tiveram o seu clímax no fim da
bipolaridade, não deram origem a nenhuma estrutura alternativa, porque impossível
estar formada uma desde já, levando a um estado de letargia onde novos
problemas são endereçados por soluções antigas. Só assim se entende que pessoas
intelectualmente privilegiadas continuem a defender mais Estado perante a
incapacidade total das soluções tradicionais deste modelo organizativo em
responder aos princípios estratégicos básicos que lhe deram origem, a saber; promover
a segurança e o bem-estar das pessoas.
Estamos numa fase de transição. Temo que o fim possa ser abrupto, violento e obviamente doloroso, mas só ele poderá levar a
aceitação, nestas ditas sociedades avançadas, de novas formas de organização,
menos centralizadas e colectivistas, menos coercivas e mais voluntárias e partilhadas.
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