quarta-feira, 14 de junho de 2017

Uma nova grande estratégia para os EUA; Tim Kaine propõe uma na FA

Interessante artigo de Tim Kaine na Foreign Affairs (FA), com o titulo A New Truman Doctrine, Grand Strategy in a Hyperconnected World. Kaine, Democrata, Jesuíta e apoiante de Hillary Clinton de quem era o proposto vice-presidente na eleição recente contra Trump, refere que os Estados Unidos estão a deriva no que a Politica Externa (PE) diz respeito, não tendo uma estratégia clara para um Mundo que segundo Kaine é "....Today’s world is not bipolar, as it was during Truman’s day. It’s tripolar: power is now exercised by democratic states, authoritarian states, and nonstate actors. A contemporary U.S. security doctrine must operate in that framework and offer a guide for action that treats each group distinctly.". Para ele a Doutrina Truman, que deu origem a guerra fria, já não faz sentido mas não houve até agora outra que a substituísse. Felizmente digo eu !

Normalmente quando um Democrata intervencionista diz que não há estratégia de PE para o Mundo e propõe uma nova doutrina Truman, eu fico preocupado pois antecipo o pedir de mais intervencionismo bélico e económico. Sendo Kaine o numero dois de quem era, esperava um forte ataque a Trump e mais do mesmo; intervencionismo. O Senedor Kaine não me deixou ficar mal. O artigo está bem feito e parece que os Democratas aprenderam algumas lições passadas sobre o Iraque, a Líbia ou a Síria, No entanto os laivos intervencionistas continuam lá e para Kaine tem que haver mais músculo contra os Estados não democráticos, de forma a que os valores dos EUA voltem a ser respeitados ( quiçá temidos...)

Quais são assim as propostas ? Em relação as Democracias ele propõe uma liderança pelo exemplo; em relação aos Estados autoritários ele apresenta como abordagem " The United States should skillfully challenge such states in the hopes that they will increase their commitment to democratic values, as well as their commitment to peaceful relations with other nations and their integration into global institutions. Challenging authoritarian nations requires different tactics depending on the issue. Sometimes the United States should cooperate, sometimes compete, and sometimes confront." e finalmente em relação ao actores não estatais destaca a necessidade de combater o ISIS e o terrorismo, frisando a necessidade de alinhar com a Rússia nesta acção e dizendo que  "Trump is therefore right when he argues that the United States should work with Russia to defeat groups such as ISIS. While there are many reasons to be skeptical about Russian intentions in other areas, fighting terrorist organizations has long been a key Russian priority, and there is no reason not to work together toward that end."

Kaine apresenta posteriormente uma serie de ideias que chamo de intervencionismo soft, ou seja os EUA devem "To protect itself in the future, the United States must always send a clear message to those who mean Americans harm: don’t mess with us. And Washington must back that message up by always defending the country, the American people, and U.S. institutions with swift, visible, and overwhelming force. Failure to do so emboldens U.S. enemies and undermines American allies’ confidence that Washington will come to their aid when needed.". Parece-me que o medo de uma Rússia forte ao nível do ciber, faz com que Kaine reafirme a necessidade de os EUA entrarem em guerras preventivas, se bem que aprendendo com os erros passados.

No entanto a parte do texto que mais me chamou a atenção foi o apontar para a América como Continente como espaço geográfico de acção a privilegiar pela PE dos EUA. Kaine afirma em dois parágrafos centrais do artigo;

"...Finally, as the United States seeks to define a new grand strategy for the twenty-first century, it needs to correct one long-term trend. Since the country’s earliest days, its policymakers have tended to think in East-West terms. We have focused most of our attention on Europe, Japan, the Soviet Union, the Middle East, China, Southeast Asia, and Russia, while neglecting the global South. We have seldom paid enough attention to the Americas, in particular, and when we have—whether through the Monroe Doctrine or by battling communist movements during the Cold War—we have focused more on blocking outsiders from building influence in the Western Hemisphere than we have on the nations already there.

That must change. The United States needs an “all Americas” national security policy that places primacy on North, Central, and South America. It should not be an “Americas only” policy, one that limits the United States’ involvement with democracies elsewhere. But the United States should shift its focus. The 35 nations that make up the Americas share significant cultural similarities and boast a combined population of more than one billion. Thanks to the cease-fire that Washington helped broker in Colombia, for the first time in recorded history, there are now no wars being fought in the hemisphere. The region is also home to two of the United States’ top three trading partners, Canada and Mexico, and the United States’ commercial ties to these and other countries in the Americas will continue to be critical to the U.S. economy. Meanwhile, the move toward the normalization of U.S. relations with Cuba has removed a perennial obstacle to improved relations with other parts of Latin America." Isto é de facto novo e merece, pela minha parte, uma atenção futura maior a este tema. 

Recomendo a leitura de um artigo que vale pelo seu todo aos que se interessam por Relações Internacionais e Politica Externa dos Estados Unidos. (NT: aproveitem a "borla" da FA e leiam o artigo todo no link )



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