Nos Estados Unidos, os homens de meia-idade brancos, e com menos educação estão a morrer a um ritmo sem precedentes.
A sua taxa de mortalidade é mais elevada do que a dos negros ou dos hispânicos da mesma idade e com o mesmo nível de ensino. A mortalidade dos brancos com menor escolaridade também é muito maior agora do que era até o início deste século. Parece ser um fenómeno americano dado que não se verificou - até agora - noutras partes do Mundo.
Este é em síntese o resultado de um estudo feito pelo Prémio Nobel de Economia 2015 Angus Deaton e por Anne Case, economista da Universidade de Princeton, que podem ler abaixo.
Neste grupo dos homens brancos, os suicídios e mortes por overdose de drogas, comprimidos e álcool aumentou dramaticamente. A incidência de cancro e de doenças cardíacas também piorou, assim como a obesidade. Desde o ano 2000, que as mortes por estas causas entre os brancos não-hispânicos, com entre 50 e 54 anos, mais que duplicaram. Em 2015 morreram numa taxa duas vezes maior que a das mulheres brancas com as mesmas características, morrendo mais americanos de overdose que com armas de fogo ou acidentes de trânsito. A esmagadora maioria das vítimas eram homens e brancos.
O desemprego, que atingiu duramente este grupo de trabalhadores nas ultimas décadas, não é a única nem a mais importante razão para este flagelo, pois os trabalhadores hispânicos e negros também perderam os seus empregos e viram cair os seus rendimentos e, no entanto, a sua longevidade aumentou!
De acordo com estes dois economistas, a causa mais profunda deste fenómeno tem a ver com o que eles chamam de "desvantagens cumulativas". Estas são as debilitantes condições e hábitos disfuncionais que este grupo humano tem acumulado ao longo de sua vida como reacção as profundas transformações económicas e sociais.
O abandono escolar precoce para uma entrada no mercado de trabalho pouco qualificado, mas que pagava salários interessantes numa altura de boom económico dos anos 80, teve os seus efeitos letais quando esses postos diminuíram com a desindustrialização e relocalização industrial. Outras mudanças na sociedade como o papel das mulheres na família e na sociedade, derivado da sua cada vez maior presença no mercado de trabalho, o aumento do divórcio e a fragmentação da família, bem como a sua difícil mobilidade social, tornou esta classe a mais vulnerável a uma "morte por desespero." São homens que já foram felizes e prósperos e que de repente ficaram sem futuro, nem para eles nem para as suas famílias de quem se sentem psicológica e socialmente responsáveis.
Gostava bastante que Trump - que foi eleito também com muitos votos destes homens brancos – reverte-se este genocídio racista e xenófobo que os “Estados” Unidos da América têm deixado acontecer com o beneplácito de Clinton, Bush e acima de tudo de Obama e dos políticos Democratas, pois a sua aposta no "assistencialismo social aos desfavorecidos" não parece ter chegado para este grupo.
Não concordo nada com medidas proteccionistas e com investimentos públicos massivos em infra-estruturas, mas se foram eles a alterar este estado de coisas, terei de as aceitar, pois a vida destes brancos também importa!