Donald Trump anunciou
ontem a manutenção das tropas norte americanas no Afeganistão, salientando
mesmo a necessidade de se reforçar o contingente norte-americano neste país. Isto
é surpreendente e, no meu entender, lamentável.
Interessa-me assim perceber o que
levou o presidente americano a se contradizer
em relação a tudo o que disse sobre este assunto desde 2011. Reflectindo
chego a conclusão que a razão se chama China.
Trump desde o início da sua presidência
que apontou a China como o grande challenger
aos interesses norte-americanos no Mundo. Trump quer os EUA “grandes outra vez” no
palco mundial e a China é – muito mais que a Rússia ou a EU – o grande problema
com o seu poderio demográfico, financeiro e económico. Xi Jiping tem se esforçado por
aumentar a sua influência no Afeganistão, o que tem sido bem acolhido pelo
governo afegão, seja
ao nível económico seja diplomático, mediando
o conflito afegão com o paquistão. Para Trump, estas são más noticias e
toda a instabilidade que possa colocar na região, prejudica a economia regional
e em particular a China e os seus esforços de influência.
A situação no Afeganistão é hoje
extraordinariamente complexa. Não existe consistência ao nível do governo afegão,
incapaz de se afirmar decididamente como estruturante actor estatal neste território,
de onde se deduz o capital falhanço de anos e anos de intervencionismo. As quezílias
entre os talibans são enormes e o ISIS encontra aqui também território propício
para recuperar das derrotas que teve no Iraque e na Síria recentemente.
Neste contexto, os EUA deveriam
deixar a situação afegã para a Rússia, a China e os estados locais resolverem, forçando
estes países, que possuem grandes interesses estratégicos na região, a assumir
o fardo de resolver a situação ou a viver com as consequências. Ao contrariar
este óbvia estratégia Trump – e McMaster
que acredito seja quem está por detrás de tudo isto - assume que pretende a
instabilidade e a maquina de guerra oleada, nem que isso custe mais vidas a
soldados norte-americanos.
Trump definiu esta fase da missão
no Afeganistão como de "killing terrorist", e não de “…nation
building again,”. O que isto garante, no meu entendimento, é que mais
terroristas serão criados e a missão nunca acabará. Referiu ainda o presidente americano
que os EUA devem policiar os países do outro lado do Mundo dado que eles podem
dar abrigo aos terroristas. Estes são pressupostos intervencionistas que me são
muito familiares; ouvi Barack Obama e Hillary Clinton repeti-los
recorrentemente. Estes são pressupostos errados como foi provado no concreto.
Muitas vezes recordo as palavras e
ideias do realista Barry Posen, Professor de Ciência Politica e Estudos de
Segurança no MIT, autor do livro Restraint: A New Foundation for U.S.
Grand Strategy. Tive esperanças que com Donald Trump essas palavras passariam
a ser realidade. Errei. Ao que parece “the swamp drained Trump”. Steve Bannon
que o diga.
Last night President Trump tried to smooth over his decision to keep the Afghanistan failure going by saying the U.S. government is not going to "nation-build." Well, of course they're not. How many nations have they really built, or even improved? The U.S. tears nations apart. Perpetual war has had many different slogans over the last 100 years. - Ron Paul, 23 /08/ 2017
Sem comentários:
Enviar um comentário