sábado, 27 de maio de 2017

Morreu Zbigniew Brzezinski

Morreu Zbigniew Brzezinski um dos mais relevantes pensadores geopolíticos e conselheiro de segurança do Presidente dos US, Jimmy Carter durante a Guerra Fria.
Saliento ironicamente que as suas melhores "estratégias " foram armar os Mujahideen no Afeganistão para "sangrar os Soviéticos" e transformar o Irão num pais anti-ocidental.
Brzezinski ajudou inadvertidamente a criar a Al-Qaeda, quando convenceu o presidente Carter de que a execução de um programa secreto da CIA para lançar uma guerra contra o governo afegão apoiado pela URSS iria "induzir uma intervenção militar soviética" - "Nós não pressionamos os russos a intervir, mas conscientemente aumentamos a probabilidade de que eles o fizessem" , disse ele numa entrevista concedida em 1998 a Le Nouvel Observateur.
Aqui fica o link para um dos seus artigos de referência na Foreign Affairs, The Cold War and its Aftermath, onde se podem ler muitas das suas ideias para o período que actualmente vivemos; pós-guerra fria. Muito do que disse não foi tido em conta - porque o ambiente bipolar ainda era o seu contexto de prospectiva. Destaco no entanto este paragrafo e pensem na Rússia actual de Putin.
"That socioeconomic transformation will be long and painful. The West, in proffering aid and advice, must be careful not to replace old communist dogmas with new dogmas of its own regarding the application of capitalist practices. Any attempt to create simultaneously a free-market economy and a political democracy that does not carefully seek to minimize the social pains of the needed transition could precipitate a destructive collision between these two objectives. This collision could then discredit both goals in the eyes of the affected peoples and enhance the appeal of some new escapist doctrines."

Quase 200 anos de hegemonia Prussiana. Parte 3.2 - O final da Guerra, o Armistício e a Vergonha imposta à Alemanha.

As dificuldades económicas fazem com que os aliados possuam fracas remessas de mantimentos. Mas em 1918 a Bulgária assina a paz com os Aliados, e a Alemanha envia uma nota de paz aos americanos a 4 de Outubro de 1918.
Esta posição não é consensual dentro do governo americano, sendo que existe a posição de Lundendorf é de que a Alemanha não consegue manter nenhum esforço de guerra, mas existe Handenau que assume a façanha de quem quer manter o esforço de guerra, não se podendo esquecer que Handenau é o homem que em 1914 foi imposto a função de garantir a logística alemã, de maneira que este homem, aquando das primeiras vitórias alemãs é a favor de tratados de paz imediatos sem negociações, mas agora, em 1918, é da posição de que a guerra tem que se continuar para que a posição em que se negocia a paz seria uma posição de força.
Para piorar a Áustria possui revoltas interiores, como o que se passa na sua marinha e nas suas capacidades logísticas. Socialmente em 1918 surge o concelho nacional checo, que se diz detentor da capacidade de falar pela futura nação Checa. Assim este concelho declara a independência da Checoslováquia, sendo que o concelho húngaro faz o mesmo para si. Assim sendo o Império que entra na guerra não sai da guerra.
Quanto à Polónia, em Outubro de 1918 tenta libertar-se a tutela alemã declarando-se independente da Alemanha, retirando também do seu governo os alemães que teriam sido lá colocados, sendo que esta independência padece de um território que envolve territórios ucranianos, que o concelho nacional ucraniano não aceita essa casacão de territórios.
Assim, ainda não acabou a primeira guerra mundial, mas já existem espectros de guerra com as fronteiras que estes novos estados reclamam.
Tendo em conta o que se passa na Áustria torna a posição da Alemanha numa posição mais fraca, sendo que o Presidente Wilson recusa a nota de paz do governo da Alemanha, para mais o Presidente Wilson exige para a negociação do Armistício (documento que fixa a suspensão do Estado de Guerra) entre a Alemanha e os EUA é a retirada das zonas ocupadas pela Alemanha das zonas ocupadas no início da guerra, tal como uma evacuação da Áustria da Sérvia.
A retirada alemã oferecia aos EUA uma impossibilidade da Alemanha controlar o continente europeu e de que a Alemanha possa beneficiar seja o que for dos últimos 4 anos de guerra… o que não acontece.
Guilherme II aceita que o esforço de guerra continue, mas na Alemanha existem movimentos separatistas e que promovem o fim da Monarquia na Alemanha e são a favor de uma Republica Soviética na Alemanha. Entre o final de Outubro e inicio de Novembro de 1918 as tropas alemães dão aso a vários incidentes de insubordinação, sendo que a Armada alemã demonstra-se inabalável na desobediência aos superiores, sendo que no final de 1918 o perigo de uma sublevação Soviética é muito real.
O governo alemão sucumbe aos primeiros dias de Novembro a movimentos Soviéticos e aos Sociais-democratas, sendo que em 5 de Novembro é decretada pelo governo, a abdicação de Guilherme II no filho (sendo que Guilherme II não concorda), e as rédeas do governo são dadas aos Sociais Democratas devido a estes serem vistos coo mais moderados.
É assim que a Alemanha se apresenta nas negociações de paz, para mais, o que agora se tem em conta não é a guerra, mas sim, o perigo das sublevações que se passam no meio dos poderes centrais poder espalhar para o resto da Europa, e mesmo para o resto do mundo.
A ideia Americana neste contexto é infligir uma derrota definitiva aos alemães, sendo que queriam que o esforço de guerra fosse levado a um ponto em que a Alemanha tivesse que se render sem nenhuma condição. Esta ideia não é correspondida pelos comandos franceses e ingleses, visto que principalmente os franceses não viam os americanos como um exército visto que não tinham grande experiência de combate, e desta forma os franceses querem a paz para descansar os seus homens, sendo que os ingleses vão nesta esteira.
Para mais as informações que chegam aos Aliados, é de que a Alemanha está de tal forma mal internamente que não é preciso atacar a Alemanha e continuar o esforço de guerra para que a Alemanha esteja disposta a aceitar rendição sem termos.
A Alemanha assim aceita o armistício, entregando a sua artilharia pesada, 25000 metralhadoras e 3000 torpedos, evacuam os portos do mar negro, recuam a leste às fronteiras de 1914, tal como a Oeste. Têm de entregar 3 couraçados pesados e 3 ligeiros, boa parte dos contratorpedeiros e todos os submarinos. A mais a Alemanha tem que estar preparada para pagar reparações de guerra, sendo que sobre isso a Bélgica e a França irão exigir uma outra taxa para reparar o que aconteceu ao território invadido pela Alemanha.
Os alemães terão de entregar locomotivas, vagões e equipamento ferroviário num período de 36 dias e em bom estado.
Até à margem esquerda do Reno, vê-se uma ocupação militar da Alemanha.
Estes são os termos do ARMISTÍCIO.
O comando alemão afirma que terá de aceitar estes termos, mesmo que estes termo signifiquem a fome na Alemanha, a dissensão generalizada e os tumultos internos, algo que vem a cair em cima dos problemas que já se sabia que haviam, quer pelos Franceses que pelos Ingleses. Isto não preocupa os comandos aliados visto que era o que isso tudo tinha acontecido nos territórios ocupados pelos alemães.
Às 11 Horas do 11 Dia do 11º Mês de 1918 dá-se o cessar-fogo. A partir daqui começasse a negociar a paz, sendo que este processo demora 6 meses em Paris.
A principal figura destas negociações será o Presidente Wilson, mas a partir de Abril de 1917, quando os EUA entram na guerra, não entram nesta Guerra contra a Tríplice Aliança com associado da Tríplice Entonte e não como seu aliado, de maneira que assim os EUA poderão manter a sua distância de qualquer documento que a as potências da Tríplice Entonte tenham assinado devido á guerra. Assim os EUA não estão obrigados a cumprir os tratados assinados entre a Inglaterra e a Itália tendo em conta o aumento da dimensão da Itália tendo em conta os territórios que a Itália ganharia se as forças da Entonte ganhassem a guerra.
A delegação americana demora 1 mês a chegar à Europa, o que leva a que no momento em que chegam, já as potências europeias possuem acordos sobre a divisão europeia no pós guerra.
A Jugoslávia (Reino dos eslavos do Sul) reclama para si (antes do armistício) as fronteiras da Áustria, sendo que isto irá confrontar as fronteiras que a Itália diziam suas. A população de Fiúme declara a sua independência da Jugoslávia e requer a sua adesão ao Reino da Itália.
As negociações de paz são iniciadas com uma enorme malha de novos estados, que não são decretadas pelas grandes potências. Assim sendo estes novos estados vão sentar-se na mesa das negociações sem nunca terem entrado no esforço de guerra (como foi a Estónia, Latvia e a Lituânia), sendo que isto acontece pela ideia de Wilson da Autodeterminação dos Povos.
Assim Paris torna-se em 1918/1919 como um palco para todas e mais qualquer uma reivindicações, sendo que zonas que não constituem nações fazem-se representar, como o Curdistão, Irlanda e Índia, sendo que é perguntado ao Presidente Wilson o que fazer. Wilson apesar de aceitar a soberania auto-proclamada dos países eslavos e Bálticos, não aceita no entanto autonomia da Irlanda.
Começasse a perguntar qual é a fronteira à autodeterminação dos povos, sendo que essa autodeterminação não é dada a Fiúme, ou ao Curdistão ou à Irlanda. A paz com a Alemanha é alcançada em 1919, mas vários tratados vão ser celebrados até 1922.
Assim esta conferência de Paris dedicasse a dois objectivos, como os mecanismos que regulam a paz e as relações com os vencidos, e também a criação de uma organização que regule as confrontações entre os estados.
Tentava-se assim criar uma nova ordem que fosse reconhecida por todos, tal como a jurisdição dessa nova ordem. Era o objectivo de Wilson garantir que isto acontece. O Presidente Wilson queria ficar um mês fora dos EUA, mas acaba por ficar 6 meses, sendo que internamente isso terá problemas para a sua política, de maneira que por via de Wilson os EUA estão na base da criação de uma entidade supra nacional que não virão a rectificar, mas também não virão a subscrever nenhum dos tratados que as potências ganhadoras assinam, e portanto não rectificam o tratado de Versalhes. Existindo assim dois tipos de tratados, os da Entonte com as potencias que perderam a guerra, e os tratados dos EUA com essas potencias, sendo que a não rectificação dos EUA sobre estes tratados feitos pelas potencias da Entonte leva a que os EUA não rectifiquem o tratado de Versalhes e por sua vez a Sociedade das Nações.
Guilherme II irá para o exílio na Holanda, onde fica até á sua morte, sendo que irá ser muito critico de como a guerra acaba, irá escrever memórias e irá estar em contacto com as forças politicas alemãs como o Partido de Centro e o Partido Nacional Socialista, de maneira a que estes partidos tentarão ter em Guilherme II um apoio de maneira a arranjar legitimidade para legitimar a sua ascensão, sendo que Guilherme II não irá aproximar-se de nenhum deles. Esta não aproximação devia-se a que Guilherme II se achava com referencias politicas e culturais diferentes das do Partido Nacional Socialismo, sendo que Hitler escreve a Guilherme II dizendo que é um homem que promove a grande Alemanha e como um homem que é contra os aristocratas alemães que traíram a Alemanha (tal como dizia Guilherme II), mas não aceita a antiga aristocracia, de maneira que tenta (Hitler) criar uma nova.
A França nas negociações de Paz, quer substituir a Alemanha como a potencia industrial da Europa, sendo que que para isso irá exigir as zonas do Saar e Lorena. A França exige isto também porque as minas franceses no norte de França foram inundadas pelos alemães, e porque a maior parte do Teatro de Operações no solo francês são as áreas mais industrializadas de França, demonstrando que a França perde fortemente a sua capacidade industrial. Assim sendo para a França recuperar a sua posição, a França necessita de aceder a matérias-primas que era a Alemanha que detinha.
Inicialmente e durante a guerra a Inglaterra não se importa com isto, mas no final da guerra, não será assim, visto que nas negociações do pós guerra a posição da França será grande na negociação dos territórios do médio Oriente e África.
No final da guerra o paradigma da França é diferente do paradigma do inicio da guerra, visto que no inicio a Inglaterra não se importa que a França queira os territórios industriais franceses, mas já se importa no final da Guerra porque a França apresentasse numa posição em que irá crescer desmesuradamente na Europa, África, Médio Oriente e Ásia, não querendo a Inglaterra, que depois de lidar com os expansionismo alemão tenha de lidar com o expansionismo francês ou de outra nação, seja ela aliada ou não. Também os EUA se opõem a isto, visto que a França ocupa as zonas industriais alemãs, mas por apenas 15 anos, sendo que segundo a auto determinação dos povos, o povo alemão nestas zonas votaria se quereria ficar em posse da Alemanha ou da França.
O que os franceses querem é o enfraquecimento da Alemanha, mas os Ingleses sabem bem que o que a França ganha é o que a Alemanha perde, e de acordo com as ambições inglesas, a Alemanha também tem de pagar as suas dívidas de guerra.
No final da Guerra a Alemanha perde mais território do que aquele que constou, sendo que a Alemanha pós 1919 é uma Alemanha que perde os espaços que a Prússia e Alemanha ganham na Europa no Séc. XIX, fala-se dos Ducados dinamarqueses, da Polónia e dos territórios franceses na terceira guerra de Bismark, sendo que para além de território, perde matéria-prima, perde população e recursos, sendo que perde também continuidade geográfica, visto que é entendido oferecer á Polónia acesso ao mar através do corredor de Danzig. Isto é o objectivo de cortar a Prússia, visto que depois de 1871 a Alemanha é vista como uma Alemanha “Prussificada” e para isso corta-se a Prússia em duas.
Também os cursos de água da Alemanha são internacionalizados, e assim a Alemanha perde soberania sobre os seus territórios, de maneira que qualquer pessoa pode entrar e sair da Alemanha sem dar conhecimento á Alemanha. Para mais a Alemanha é obrigada á desmilitarização, que engloba a incapacidade de produzir ou utilizar Artilharia pesada, a impossibilidade de usar uma Força Aérea, fica proibida de ter Marinha de Guerra acima de uma tonelagem, é obrigada a fechar todas as academias militares (incapacitando a formação de quadros militares), fica impedida da formação de corpos de segurança pública, fica reduzida a 100.000 no exército, sendo esse o número antes de 1913. Assim a prazo a Alemanha estaria impedida de ter exército.
A marinha não foi entregue, os alemães preferiram fundear os seus Navios no mar do Norte.
Segundo Versalhes, a Alemanha perde também todas as patentes industriais, cientificas, etc.. que tenham sido registadas por agentes alemães, que revertem para os aliados, e ficam também proibidos de estabelecer taxas alfandegárias. A indústria alemã leva com quotas de produção em especial a indústria química e cirúrgica. A Alemanha estava também obrigada às reparações de guerra (para além das reparações que tinha de pagar pelo armistício). Estas indemnizações de Guerra deveriam ser calculadas em face ao montante global da destruição, sendo que deveriam ser pagas face a quem teria perdido o quê, ou seja calculava-se a destruição física, humana, industrial, etc… sendo que quem tivesse mais destruição recebia mais.
Em 1919 não existe forma de calcular as indemnizações de guerra, sendo que em 1919 não se sabe os custos totais do esforço de guerra e dos estragos da guerra e por isso não se sabe quanto é que a Alemanha tem de pagar, sendo que por isso cria-se no tratado de Versalhes uma comissão para apurar as reparações de guerra, sendo que só em 1921 é que se irá anunciar os cálculos de guerra a que respeitam a Alemanha, que são de 32 mil milhões de marcos ouro. Sendo que a Alemanha é obrigada ao abrigo do tratado de 1919 a pagar estas indemnizações de guerra fazendo isso segundo uma lógica de numerário através de uma anuidade. Esta anuidade a termos financeiros seria aliviada sobre o esforço alemão, com o pagamento em géneros industriais, agrícola, animal, matéria-prima, género acabado, etc.
No final de 1919 a Alemanha assina o tratado em que se assume como culpada e que tem de pagar as indemnizações de guerra, sendo que assim fica sem saber até 1921 o que tem de pagar, e quando sabe o montante afirma que não tem capacidade económica para pagar.
Isto leva a que de 1921 a 1924 haja uma enorme hiper-inflação, de modo a que se levou a que o dinheiro de nada valesse, levando a uma impulsão da economia alemã.
A resposta Aliada (Franceses, Belgas e Italianos) foi a invasão do Ruhr que era a zona industrial alemã em especial da Siderurgia, sendo que esta ocupação militar visava garantir o pagamento das indemnizações.

As consequências disto é uma greve. O Ruhr e os donos das indústrias não abrem as fábricas, sendo que o estado alemão paga aos trabalhadores para não trabalharem. Isto significa que em 1922 a Europa está à beira de uma nova guerra.


sexta-feira, 26 de maio de 2017

Quase 200 anos de hegemonia Prussiana. Parte 3.1 - de 1915 a 1917. As Relações entre os Beligerantes

           A guerra de trincheiras é uma guerra de impasses, e é uma guerra em que a Inglaterra tem a dificuldades de fazer a sua força terrestre e como tal a Inglaterra vais á procura de novos aliados, seno que assim irá ter com o Japão, prometendo os territórios alemães a baixo do equador na China.
            Também no médio oriente se procuram aliados, os Otomanos caem para o lado dos alemães e os Árabes e Judeus para o lado inglês. Apesar de aliados, estes novos aliados podem gerar atritos no interior da aliança, sendo que isto ameaça em 1915 a própria Entonte.
            A guerra adquire a sua característica de imobilidade. No Natal de 1914 ambas as frentes pararam, sendo que nenhum dos comandos gostou disto, sendo que as forças de ambos os lados confraternizaram, prestam respeito aos mortos (o que é raro nesta guerra ou seja, não existe respeito pelos mortos porque a guerra é demasiado rápida, e por isso não há tempo para prestar respeito aos mortos, sendo que quando os homens caiam na terra de ninguém é que eles ficavam lá), e portanto, neste Natal de 1914 cada uma das partes dá-se ao trabalho de prestar respeito aos mortos.
            Lidar com a morte era constante para os combatentes, sendo que estes homens estavam 24 sobre 24 horas sobre bombardeamentos, para mais, quando se escavavam trincheiras, ou se levantava terra para encher sacos de terra muitas vezes encontravam-se cadáveres, o que fazia com que lidar com a morte fosse normal, e isto explica o porquê dos excessos da década de 20, sendo que as pessoas depois de passarem vários anos a lidar todos os dias com a morte tentam intoxicar-se com a vida.
            1915 é por isso um momento importante, visto que esta guerra de impasse leva á procura de novas alianças. Durante os primeiros 5 meses (até maio) de 1915, o governo liberal inglês tenta acomodar a realidade inglesa ás necessidades da guerra, mas este governo inglês não se vai aguentar e os conservadores vão atacar, sendo que Winston Churchill é obrigado a afastar-se do seu lugar no almirantado, sendo que ele é culpado pela falta de municiamento da frente e da campanha de Gallipoli.
            Assim vê-se que nos primeiros meses o avanço é dos Otomanos e dos Alemães (contra os russos). Os avanços que os alemães fazem neste período, vão suscitar fenómenos anti semitas russos, fenómenos que se formulam em ataques às pessoas de etnia judaica e às suas posses, o que levou a mortes e êxodo forçados.
            É no entanto interessante ver que, quando este êxodo acontece, acontece para o interior da Rússia, sendo que os Judeus são acusados de cooperar com as forças alemãs.
            A Itália pede á Áustria a soberania sobre zonas que esta achava que eram suas, mas a Áustria não cede, sendo que depois disto a Itália faz acordos para o aumento da Itália pela costa da Dalmácia, pela Albânia e pelo Norte de África, tudo rectificado pela Inglaterra e França.
            Os russos recebem dos ingleses em Março de 1915 aquilo que os ingleses negaram aos russos por todo o Séc. XIX que é o controlo das populações russas na zona do Médio Oriente no pós guerra, isto em troca de um esforço de guerra russo nesta zona.
 Os Arménios são incentivados a lutar ao lado dos russos contra os turcos em troca de um território seu e independente e, apesar de isto acontecer, o movimento dos arménios contra os turcos não é generalizado e assim os turcos fizeram o êxodo de cerca de 1 milhão de arménios dos quais 400.000 morreram. Estes massacres dos arménios são denunciados pelos media, sendo que o embaixador arménio pede auxílio na Rússia, nos EUA e na Alemanha.
            1915 é o ano em que a Inglaterra se debate com uma grande insurreição na Índia. Isso a obriga a estender as suas forças, sendo que com o falhanço da Gallipoli irá levar a que em 1916 a Inglaterra retire.
            Com o afundamento do Lusitânia em 1916, marca-se também a diminuição da tonelagem no mar pela Entente Cordial. Para as potencias centrais, o paradigma é outro, sendo que existe uma progressão a leste, obrigando a que os Russos retirem do que é a Polónia, de maneira que Varsóvia é capturada.
            Em 1915 existe um processo alemão em que os grandes investidores e industriais alemães, aproveitando o ‘boom’ que a indústria sofreu devido á guerra, pretendiam aproveitar os territórios polacos capturados de maneira a engrandecer esta zona criando zonas aráveis e fontes de matérias-primas.
            Desta maneira, tenta-se criar negociações secretas com a Rússia, sendo que esta recusa sair da guerra com percas de território. Para mais a Alemanha oferece apoio sistemático a divisões internas, visto que vemos um aumento de deserções e vemos um aumento do conflito urbano, sendo que a Alemanha vê estes movimentos a crescer em 1916, e ir-se-á ver estes movimentos a serem bem-sucedidos em 1917, sendo que neste ano Nicolau II abdica do trono russo, e vê-se os Mencheviques a chegar ao poder, mas sendo este novo governo um governo que quer uma constituição, mas que quer continuar o esforço de guerra e portanto isto não agrada aos alemães.
            A Rússia não tem dinheiro para manter este esforço de guerra, e como a Inglaterra e a França também não possuem dinheiro para emprestar, de maneira que de 1915 a 1917 a Divida Publica Externa russa irá aumentar imensamente, sendo que a Inglaterra irá emprestar dinheiro á Rússia seguindo-se os EUA. O problema aqui é que a partir de 1917 a Inglaterra deixa de estar em condições para emprestar dinheiro, e por isso, terá de pedir emprestado aos EUA para que depois a Inglaterra possa emprestar aos russos.
            Assim sendo o esforço de guerra vai continuar por parte da Rússia.
            Acompanhando isto, as negociações secretas que estavam a ser negociadas com os russos são acabadas com a proclamação de um reino da Polónia por parte de Guilherme II, sendo esta Polónia protegida pela Alemanha.
            Existem também mudanças internas no Império Áustro-Húngaro, visto que este tenta criar uma identidade germânica no Império (exceptuando a Hungria) sendo que só Professores Alemães podem dar aulas, o alemão passa a ser língua oficial e todos os Juízes terão que ser alemães.
            A Itália entra na guerra contra os poderes centrais, e isto vai alterar a geoestratégia da Guerra, sendo que a Bulgária entre na guerra pelos poderes centrais, mas apenas com a Alemanha e Áustria, sendo que no final da guerra teria para si territórios perdidos nas guerras balcânicas, sendo que esse terreno era Turco (aliados da Alemanha). A Bulgária é tão importante para a guerra que vai obrigar a que os Ingleses e franceses a desembarcar nos Balcãs.
            A Grécia é um caso de separação, sendo que metade do país é a favor dos poderes centrais (monarquia), mas a outra metade irá aliar-se pela Entonte Cordial (Governo). A Albânia também se divide, sendo que existem albaneses que possuem rancor contra a Sérvia pelas guerras balcânicas e uma minoria quer aliar-se à Sérvia.
            A Entonte Cordial retira de Gallipoli e a situação em Inglaterra é difícil, sendo que o primeiro-ministro é substituído por Loyd George que era próximo de Churchill e que era um entusiasta pela guerra e por uma maior participação na guerra, sendo que disto, o Serviço Militar Obrigatório, sendo que isto vai para além da frente francesa, sendo que se tinha notado com as revoltas na Índia que, enviar forças indianas para a frente de combate e treinar essas forças para depois as enviar de volta à Índia poderia ser mau.
            Este Serviço militar Obrigatório não é bem recebido, sendo que Inglaterra é também bombardeada por dirigíveis. Assim sendo o serviço de propaganda enceta por um esforço sistemático. Começa a censura às cartas dos combatentes, enceta-se por um esforço sistemático da diabolização do inimigo. Este esforço até 1916 é feito pelos Ingleses e Franceses, mas a partir de 1916 também os EUA e a Itália irão encetar nesta actividade, visto que os EUA são vistos na impressa alemã como um aliado dos ingleses e franceses, isto devido ás relações que estes três possuem relações estreitas.
            Nesta época os EUA são e serão neutrais, visto que Wilson é reeleito em 1916, a 7 de Novembro de 1916, o Presidente Wilson envia uma proposta de paz a todos os países em guerra, sendo que reforça a ideia que de os EUA são neutrais e abarca para si a função de criador de paz no mundo.
            Estas cartas de paz não são bem vistas, sendo que a Alemanha está a ganhar a Leste e a Turquia está a fazer recuar os ingleses. Mas também a Inglaterra na pessoa de Loyd George afirma que uma paz negociada neste momento só iria aumentar um ambiente de militarismo, sendo que a guerra só deveria acabar com a sobreposição de uma máquina militar à outra.
            Ainda no final de Novembro o Presidente Wilson irá reiterar esta proposta de paz, sendo que no final de 1916, Wilson, irá fazer um discurso em que irá mencionar um sistema de direito internacional que deveria impedir as guerras, a Sociedade das Nações.
            Isto também será recebido com oposição.
            Na guerra o objectivo da França era recuperar o que perdeu em 1871, mas também está com os olhos na anexação do Saar, que era a zona de extracção mineira alemã, mas trata-se também a capacidade da França de controlar para além do Reno, o que será próximo da Geografia da França/Alemanha no pós guerra.
            Nicolau II não tem problemas em aceitar isso, mas quer saber como se pode compensar a Rússia por um aumento territorial da França, sendo que os interesses da Rússia são os de manter a integridade do território Russo. Este território é alvo dos Alemães como p caso da Ucrânia e a Finlândia (que até 1917 foi província russa). Na Finlândia existiu um movimento de recrutamento alemão, para que se formassem forças autónomas, para que estas combatessem os russos.
            Agora já não se fala de apoios aos nacionalismos para afectar internamente os inimigos, mas sim da nova geografia europeia.
            A Inglaterra tem dificuldades em ceder o Saar à França, sendo que os Ingleses não gostam de ver a França a substituir a Alemanha como grande potência no continente. Para isto a Inglaterra irá oferecer posses no Médio Oriente, de maneira que este Médio Oriente irá ser repartido entre a Rússia, Inglaterra e França, sendo que a partir de 1918 o Médio Oriente só será repartido pela França e Inglaterra devido ao isolamento Russo.
            A partir de 1916 começa a revolta Árabe. Sendo que com isto os Ingleses e Franceses procuram novos aliados, e por isso começam a fazer negociações com os EUA para que estes entrem na guerra, com o argumento de que os EUA se não interviessem na guerra, os EUA também não poderiam participar nas negociações do pós guerra.
            Estas negociações irão contra o ‘Monrroismo’ que é estabelecido em 1823 como a política externa americana. Esta política será a política de “América para os americanos”, esta América para os EUA é todo o continente Americano (Norte e Sul). Sendo que esta política afirma que os EUA não intervêm no espaço da influência europeia, e os europeus não intervêm nos espaços de influência americana.
            Esta lógica de Politica Externa Americana dura até 1898, sendo que com a guerra contra a Espanha em 1899, os Americanos demonstram interesse de expansão marítima naquilo que são espaços da Espanha que é uma potência europeia. Outra lógica de expansão é a do pacífico, sendo que quando chegam ao pacífico, também o Japão está a expandir-se na mesma área.
            Theodore Roosevelt irá muscular a política externa americana, sendo que esta politica externa irá ser apontada para a participação na guerra pelo lado da Entonte Cordial, sendo que isto deveria ser feito pela produção de armamento e pelo aumento do Exército Americano, e isto vai contra o que Wilson quer. A posição de Wilson é apoiada por boa parte da população, sendo que a ideia era de que os rapazes americanos não deveriam morrer na Europa, mas já haveriam americanos a combater desde 1915 na Europa.
            Existem muitos Afro descendentes que pegam em armas para combater na Europa, algo que lhes era impossível na América.
            Assim Wilson força uma proposta de paz, que é negada, sendo que as Potências da Entonte Cordial já estão a negociar o pós guerra, mas a paz trás bons agoiros aos Aliados divido aos fortes e eficazes bloqueios marítimos. A Alemanha não possuía uma retaguarda, sendo que desde o início da guerra havia racionamento. Este racionamento começa cedo porque os Alemães conhecem a sua população, e por isso a guerra contra a Alemanha é vista como ganha não na frente mas sim no interior.
            Esta guerra é vista como beneficiária ( e é mesmo ) para os grandes proprietários agrícolas e fabris, visto que o esforço de guerra aumenta as encomendas e a mão de obra prisioneira não recebe, e por isso é bem mais barata, o que leva a que empresas como as Krup, ganhem nova influência sobre o Kaiser para que este continue uma guerra que boa parte do seu governo já não queria.
            Contrariamente a isto, a Inglaterra possui uma redefinição da economia nas suas posses o que leva a que continua a haver fome, mas que não seja tão extensivo quanto ao que se passa na Europa.
            Isto lava a que a Alemanha necessite de uma mudança de ideia por parte dos EUA, o que leva a que se crie o telegrama ‘Zimmerman’, que pretende saber quão predisposto estão os EUA a entrar na guerra ao lado da Entonte Cordial, e se assim for, a Alemanha teria de encontrar aliados no Novo Mundo, como o México, aliciando o México no pós guerra com territórios americanos que os mexicanos teriam perdido no Séc. XIX.
            Um telegrama com indicações para o Embaixador Alemão no México, com indicações sobre o que fazer em termos de declaração de guerra por parte dos EUA contra os alemães. Este telegrama é alterado pelos serviços secretos britânicos depois de ser interceptado pelos mesmos, e seguidamente é enviado (já alterado) para os EUA, o que leva a que haja um corte das comunicações diplomáticas entre os alemães e os EUA.
            Este telegrama é publicado nos EUA, e a partir de 1 de Março de 1917, todos os decretos do Kaiser são considerados para além da declaração de guerra, sendo que os EUA vêm o telegrama como declaração de guerra visto que eram uma potência Neutral.
            É neste palco que os Portugueses chegam com 55.000 homens ao combate.
            A partir de Março de 1917 com a primeira revolução Russa, existe uma manifesta perca de efectividade militar. Sendo que o Soviete (Grupo de trabalhadores e operários, que faz de si um órgão de decisão colectiva) em São Petersburgo é contra a participação na guerra (Lenine ainda não está na Rússia), assim entre Março e Outubro de 1917 a situação é Anárquica, o exército perde o controlo. Existem imensas situações de deserção e insubordinação, visto que o governo quer que a Rússia se mantenha na guerra mas não consegue controlar os exércitos.
            É assim que os EUA entram na guerra, já depois da primeira revolução Russa, e por isso Wilson diz que entra na guerra sem ser aliado da Rússia Autocrática.
            Mas outro argumento é de que a industria dos EUA perde imenso a nível industrial se estiver fora da guerra, mas entra também porque a Alemanha reage como lhe é possível, sendo que a única maneira que os alemães possuem em responder ao escalar da guerra é com a guerra submarina, e por isso aumentam a guerra nessa frente, de maneira que tudo o que navega é alvo legitimo para os alemães. Esta selvajaria não se vê por exemplo nos Turcos, que se restringem no bombardeamento de Hospitais e navios Hospitais.
            Theodore Roosevelt diz que não seria possível ser pacifista num mundo em guerra, mas também diz que a guerra beneficia a indústria americana.
             A indústria americana estaria em muito mal estado.
            O ano de 1916 vê as batalhas de Verdan e Somme, sendo que o Kaiser alemão tem na sua ideia que Verdan é onde acaba a guerra, visto que o sistema de fortes da zona é de tal importância que o Kaiser previa que os Aliados investissem todos os seus homens para proteger esta área e portanto enfraquecia outros sectores, assim podendo-se conquistar a França. A batalha do Somme é a resposta dos Aliados, sendo que os Franceses são bem-sucedidos, mas os ingleses não.
            Ambas as batalhas acabam sem resultado decisivo. Assim no inico de 1917 está-se num enorme impasse.
            A única coisa que saí das duas batalhas é a incapacidade da Alemanha de manter a sua indústria e Agricultura a funcionar ao nível necessário para manter a frente de guerra e a frente interna a funcionar. Sendo que a mudança de paradigma com a forte realidade da entrada dos EUA na guerra, leva a uma desmoralização dos homens que estão a combater pelas potências centrais, muito menos se estivessem a combater desde 1914.
            Para mais em 1916 morre o velho imperador Austríaco, sendo que o novo imperador Carlos, consegue perceber que o seu Império não aguenta a guerra, e por isso está preparado para fazer a paz, mas Guilherme II não o permite.
            Existe também uma espécie de insubordinação industrial alemã, visto que em ambiente urbano, as pessoas fogem das cidades para os campos para que assim sejam capazes de fugir aos controles do Estado. Em Janeiro de 1918 a Alemanha tem uma enorme vitória com a rendição da Rússia, sendo que ao mesmo tempo possui problemas nas suas fileiras, visto que as deserções sobem e afectam os oficiais.
            Com a saída da Rússia da guerra forma-se o Reino da Polónia, da Finlândia e os estados bálticos. Mas a ideia alemã do início da guerra, de derrotar a Rússia e depois passar as suas forças para Ocidente já não tem a força que tinha, visto que a ocidente as coisas teriam mudado.
            A entrada dos EUA na guerra leva a que os estados da Entonte cordial tenham mais fácil acesso a crédito, haverá partilha de conhecimento e tecnologia.
            Mas a entrada dos EUA na guerra revela também que desde 1914, as potências em guerra tenham alterado a sua forma de governo, sendo que a forma de cooperação a partir de 1917 entre as potências da Entonte Cordial muda.

            Até 1917 o negócio com a Entonte Cordial é feito com ouro e por isso é que depois da guerra a maior parte do ouro está nos EUA. A partir de 1917 o apoio é feito em forma de crédito, quer com taxas de juro ou a fundo perdido.


quinta-feira, 25 de maio de 2017

O combate ao terrorismo em Portugal; Da necessidade de uma nova entidade


Criada por despacho do Primeiro Ministro em Fevereiro de 2003, após os ataques terroristas das Torres Gémeas nos EUA e antes do Euro 2004, é o órgão de coordenação e partilha de informações, no âmbito da ameaça e do combate ao terrorismo, sendo o responsável nacional em Portugal pela coordenação dos planos de execução das acções previstas na Estratégia Nacional de Combate ao Terrorismo entre as entidades que a integram.

Esta entidade, coordenada pelo Secretario-Geral do Sistema de Segurança Interna integra os comandantes e directores nacionais das forças e serviços de segurança, o SIS, bem como - e a convite do SG-SSI função das matérias a tratar - o Chefe do Estado-Maior -General das Forças Armadas, a Autoridade Marítima Nacional, o Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil ou o Coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança entre outros.

Sem prejuízo da existência desta estrutura de coordenação, composta por chefias de topo e intermédias, penso ser o momento de pensar a criação de um órgão central de prevenção e alerta terrorista, composto por elementos com formação nas áreas especificas do terrorismo, conforme proposto por Hermínio Joaquim de Matos no seu livro “Sistemas de Segurança Interna; Terrorismo & Contraterrorismo”.(2015)

Esta potencial entidade seria a responsável operacional de recolha, processamento, análise e difusão de informações relativas à prevenção do fenómeno terrorista, permitindo em tempo real uma big picture do fenómeno. Para Herminio Matos esta unidade dependeria em termos funcionais do Gabinete do SSI, integrando a Unidade de anti terrorismo da PJ e representantes das demais FSS com competência especifica no terrorismo, dependente em termos orgânicos do Secretário do SSI e do SIRP.

“O ideal seria que nesta estrutura fossem integrados, de modo permanente elementos com capacidades técnicas e culturais para a pesquisa analise e produção de informações de nível estratégico e operacional que possam ser de auxiliar valioso no apoio à decisão”. (Matos, 2013, pp 89). Isto é desde os especialistas em línguas, até aos analistas com formações variadas e responsáveis pela produção dos relatórios de análise.

Apoiado em modernos sistemas e tecnologias de informação, este será um espaço por excelência para a eliminação da recorrentemente referida falta de interoperabilidade entre sistemas e as FSS´s, dando mais condições de trabalho e potenciando a partilha e análise conjunta dos que em Portugal melhor conhecem este fenómeno que todos queremos erradicar; o terrorismo.

A Líbia, Estado em desagregação, polvilhado de milícias islâmicas e nacionalistas e neste momento âncora de recepção para os jihadistas que estão a ser derrotados no Iraque e Síria, fica a poucas milhas de Portugal. Para bom entendedor.... 





quarta-feira, 24 de maio de 2017

Quase 200 anos de hegemonia Prussiana. Parte 3 - De Junho a Agosto de 1914. Da Guerra europeia à Primeira Guerra Mundial.

A Inglaterra inicialmente não quer a guerra e tenta inclusive desanimar a Alemanha da guerra, mas depois da invasão da Alemanha sobre a Bélgica, de maneira que só aí é que a posição da Inglaterra é que altera, visto que o que a Inglaterra teme é o mudar da sua posição na hierarquia das nações ou seja no mundo, visto que essa ameaça ao status quo vem devido ao expansionismo imperialista Alemão, que por ventura da vitória alemã levará ao redesenhar das hierarquias e ao expansionismo alemão para cima de outros estados como Holanda, Dinamarca, Suécia, etc, e assim ameaçar a Inglaterra e a sua posição.
            A entrada do exército alemão na Bélgica leva a que a Inglaterra se tenha que envolver e transforma o conflito em algo mundial, tendo em conta a posição de Inglaterra no mundo.
            A entrada e progressão das forças alemãs na Bélgica, em Agosto de 1914, é semelhante á progressão e entrada das forças austríacas na Sérvia, o que leva aos famosos massacres dos países ocupados, sendo que este tipo de massacres são actos de violência injustificados.
            Se até Junho de 1914, a guerra é algo de vitória fácil na perspectiva do HQ alemão e que considera esta guerra com duas frentes, em Agosto de 1914 a ideia do Kaiser a ideia já não é a mesma, sendo que esta mudança de ideia passa pela declaração de guerra por parte de Inglaterra, se bem que na câmara do governo é dito que nada obriga a que a Inglaterra assuma as responsabilidades terrestres da guerra, sendo que entrar com o seu exército na guerra deixaria o território britânico sem defesa, o que levou a um incentivo ao recrutamento, sendo que há uma afluência considerável dos ingleses, sendo que a impressa inglesa tem forte culpa nisto, até com a publicação de noticias falsas sobre o inimigo, para motivar a população inglesa com a adesão de forças, e tenta-se assim legitimar a entrada da Inglaterra na guerra, sendo que que a entrada na guerra aposição inglesa no mundo fica em risco, mas hesitando sempre enviar forças terrestres para França. Isto em Agosto de 1914.
            Lord Kitchener, comandante do Estado Maior Inglês, homem e militar de grande experiência militar, acha que a Inglaterra não está preparada para a guerra europeia, visto que a Inglaterra está habituada a outros povos, com menos tecnologia, com outro ambiente, sendo que assim se achava que a Inglaterra não se iria dar bem.
            Para mais a Inglaterra não tem por exemplo, uniformes suficientes para vestir os homens que precisa e tenta recrutar, e os primeiros recrutados vão com fardas dos correios porque a Inglaterra não se preparou como deve de ser para a afluência de homens.
            A Inglaterra quereria estancar o avanço alemão sem se envolver directamente com a potência alemã, sendo que até nas conferências de paz, a Inglaterra tenta sempre fazer algumas cedências à Alemanha, e portanto quando a Inglaterra entra na guerra, entra contrariada.
            A Inglaterra não queria decididamente que a Alemanha ganhasse a guerra visto que, se a Alemanha dominasse o continente europeu, quer por conquista quer por influência, então a Inglaterra não via um futuro para a Inglaterra no continente europeu, sendo que até 1915, e a entrada da Itália na guerra, a Inglaterra tem sempre a ideia de que se deve tentar criar paz com a Alemanha, visto que a Inglaterra estava numa guerra que também não tinha a certeza de que conseguiria ganhar, o que altera em 1915 e com a entrada da Itália na guerra do lado dos Aliados é a supremacia naval que os aliados ganham no Mar Mediterrâneo, sendo que o Império Otomano revelou-se não o Homem doente da Europa, mas sim uma força que daria muitos afazeres e dores de cabeça aos ingleses, e que iria ameaçar as fontes de petróleo inglesas.
            Em Agosto de 1914 os Ingleses conseguem meter no terreno do Médio Oriente cerca de 50.000 homens. Muitos desses serão homens indianos que foram recrutados no império, mas que não se adaptaram ao clima europeu, mas revelaram melhores capacidades de lidarem com o clima no médio oriente.
            Na Irlanda irá haver um movimento patriótico, sendo que irá levantar 100.000 homens que irá oferecer para combater pelos ingleses em França, sendo que Lord Kitchiner irá recusar estas forças, de maneira a que assim o movimento independentista irlandês irá oferecer os seus préstimos ao Kaiser, oferecendo uma nova frente que se presta a destruir a capacidade de resistência da Inglaterra, e isto irá dar origem a repressões na Irlanda, visto que em tempo de guerra estes homens irão ser chamados de traidores, o que leva a que traidores à pátria são executados como tal, de maneira a que isto irá levar a descontentamento popular, sendo que os populares acusavam este grupo como traidores, mas o tratamento de que estes compatriotas sofrem, leva a que comesse a haver simpatia por estes homens, o que levou a que quanto em 1918 a Inglaterra saísse de vencedora da Primeira Guerra Mundial, mas entra logo em guerra na Irlanda, que perde.
            A própria Inglaterra, depois da declaração de guerra contra a Alemanha, demora 3 semanas a fazer passar as suas forças para o outro lado do canal da mancha, o que demonstra a falta de preparação em termos de forças terrestres para a guerra. A Inglaterra, não tem ao início formas de vestir os seus homens, depois não tem armamento suficiente (se bem que é resolvido rápido), depois não tem como alimentar as suas forças, sendo que as potências europeias possuem estruturas e planos logísticos para fornecer as suas forças.
            Agosto de 1914 demonstra as dificuldades de Inglaterra, mas mostra também uma guerra em que ambas das partes se mostram conhecedoras das características da outra parte, sendo que a Inglaterra quando entra na guerra mostra-se como defensora das minorias étnicas, como a minoria checa do império Austríaco, ou seja, demonstra-se ser capaz de minar os inimigos no seu interior. Os russos também se vão mostrar como promotores da Polónia livres e os austríacos também se vão mostrar como apoiantes de uma Polónia libertada. A Polónia está repartida entre a Rússia e a Alemanha, sendo que a Áustria vem a chamar pela independência da Polónia que está sobre a Rússia, de maneira que o Império Austro-Húngaro irá criar uma Legião de 100.000 homens polacos, para que estes combatam pela Polónia russa, sendo que o fim da guerra e a perda da Rússia, os polacos ficariam com um território independente na Rússia conquistada e a parte polaca no Império Austríaco teria benefícios e poderes próprios como tinha a Hungria dentro do Império.
            Em Agosto de 1914 na fronteira da Polónia austríaca com a Polónia russa, Lenine é preso, tal como foram presos os cidadãos das potências beligerantes dentro do Império austríaco. Os Sociais-democratas austríacos apoiam a ideia da liberdade de Lenine, sendo que estes defendem a ideia de que se Lenine entrar na Rússia, este irá causar distúrbios e ajudar o Império austríaco na guerra.
            Na Rússia, quando se começa a aperceber que a guerra será longa, então começasse a sentir uma oposição á participação na guerra. Em 1914 a população russa, ao contrário da população alemã, inglesa e francesa, não está predisposta a entrar em guerra, daí a boa recepção das ideias sociais-democratas, sendo que na Rússia os ideias sociais-democratas de que os trabalhadores não devem travar armas uns com os outros, mas estas ideias não se geram na Alemanha e Império Austríaco, sendo que na Rússia a mobilização torna-se mais complicada. A População russa em Agosto de 1914 preocupa a França e a Inglaterra, visto que estas duas potências vêm a população russa como permeável tendo em conta os ideias de apoio de minoria que vem da Alemanha e do Império austríaco, sendo que irá haver apoio a emancipações Geórgia e arménias, sendo que a ideia dos Alemães e aliados seria de fazer da Rússia uma manta de retalho que levasse a uma mais fácil derrota da Rússia.
            A Rússia conseguiu no entanto surpreender a Alemanha logo no primeiro mês, obrigando a que a Alemanha reorganize os seus planos, visto que o Exército russo avança rapidamente dividido em duas forças distintas, o que leva a que o domínio alemão na Prússia fique em risco. Inicialmente o Plano Schliffen achava que o exército russo demoraria 6 semanas a mobilizar, e portanto os alemães teriam essas 6 semanas para derrotar a França e depois avançar para Leste, isto não acontece com a rápida mobilização russa. Assim, em Agosto de 1914 os alemães vão chamar o General Von Hindenburg que era considerado velho para a época, para conter os russos a Leste. A mobilização alemã a Leste com o uso excepcional dos caminhos-de-ferro e com a divisão dos combates levando á batalha da floresta de Tutenburg que quando é apresentada como vitória ao Kaiser é elevada a uma batalha mítica.
            O Estado-maior alemão sofre de um excesso de confiança, sendo que depois essa confiança foi destruída pelos eventos, mas a Alemanha queria no entanto combater as forças francesas, inglesas e belgas ao mesmo tempo de maneira a demonstrarem a sua superioridade, sendo que talvez tenha sido demais. Esta expectativa irá levar a que a resistência apresentada seja mais do que o que os alemães estão á espera, sendo que a resistência belga será na forma de guerrilha, de modo que as forças alemãs não aceitam que haja forma de guerra se não a convencional, o que irrita imenso os generais alemães. Os refugiados belgas inicialmente passam para a França e depois alguns para a Inglaterra, sendo que não questionando o martírio belga, os refugiados são olhados de lado, sendo que serão tratados de uma maneira que não se espera para a condição de refugiados.
            Outra surpresa na guerra é o contra ataque Sérvio contra o Império Austríaco. A capacidade da Sérvia de reagir à Áustria em Agosto de 1914 é tão forte que obriga a Áustria a retirar de espaço Sérvio por completo, o que cria na Sérvia uma aura de invencibilidade que irá durar até ao final da guerra, sendo que esta aura leva a que no pós guerra a Sérvia seja forte na redefinição do Balcãs no pós guerra. A própria Sérvia irá ser alvo de massacres e irá aproveitar isto para uma guerra de propaganda, sendo que as notícias são feitas para impressionar, exagerando as noticias para provocar reacções.
            A 23 de Agosto de 1914 o Japão declara guerra à Alemanha, sendo que o Japão tenta através do contexto de guerra para se apoderar das posses alemãs na Ásia, sendo que a sua entrada é pragmática no seu caso, sendo que no imediato do pós guerra, o Império Alemão é o aliado preferencial do Japão, sendo que importa conhecimento, materiais e reformas militares. Para mais quando em 1904 o Japão sai vitorioso contra a Rússia mas perde na dinâmica diplomática, sendo que a Inglaterra e os EUA não querem o crescimento do Japão na Ásia, e assim saindo da guerra como vitorioso, não ocupa o território conquistado.
            A entrada do Japão na guerra em Agosto de 1914 é uma dos impedimentos dos EUA entrarem na Primeira Guerra, sendo que o outro aliado que os EUA não querem é a Rússia porque é autocrática, e assim em 1917 depois da queda da monarquia na Rússia isto deixa de ser um impedimento. Em 1914 o Japão era Nacionalista e Imperial, e uma posição fortíssima dos militares na sociedade japonesa, sendo que nunca tocando na estrutura imperial, os militares estabelecem-se como instituição estatal. O Japão é um regime militarizado e nacionalista, sendo que este nacionalismo é anti-ocidental.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Trump e os seus amigos da Arábia Saudita

Este post é para todos os que como eu acreditaram em Donald Trump. Mais, este post é para aqueles que ainda acreditam nele.

Justin Raymondo tem hoje um violento artigo contra Donald Trump e a sua “viagem de negócios” à Arábia Saudita. Reescrevo as palavras de Justin;



Compreendo bem Justin Raymondo. Eu penso igual e não sou propriamente um paleo-conservative. 



Tudo isto é demais. 

O discurso anti-terrorista de Trump ontem foi, no mínimo, surrealista por dois motivos; O primeiro é que ele foi realizado na Arábia Saudita, que acolhe e defende os maiores patrocinadores do terrorismo de sempre, o país que doou centenas e centenas de biliões de dólares para a causa do radicalismo islâmico. Al-Qaeda e também o Daesh vivem também dos fluxos financeiros que a casa de Saudi lhes transfere.

A segunda razão é que havia 55 ( ! )  líderes do medio oriente a ouvir Trump. Do egípcio Al-Sisi que está a combater o radicalismo islâmico e a tentar sufocá-los com os métodos brutais que conhecemos, ao Qatar, por exemplo, que é um patrocinador do terrorismo que El Sisi combate. E o primeiro-ministro da Tunísia, Yussef al-shaed, que tem de gerir o país que produziu mais combatentes jihadistas de sempre e não é capaz de passar uma lei no parlamento que os coloque a julgamento. Para todos eles Trump teve a mesma conversa.

Mas o importante - tal como com o "Nobel da Paz" Obama - mais que os discursos eloquentes são os factos. E esses dizem que Trump, assim como Obama e Bush , se está a preparar para inundar a Arábia Saudita com armas que podem bem acabar na mão dos terroristas, - 350 biliões ao longo de dez anos, com 100 biliões imediatamente. O maior negócio de armamento de sempre.

Nada muda com Trump.

Nada vai mudar, mesmo em relação a Israel. Trump vai fazer a proposta de costume "menos colonatos, menos violência para com os palestinos” e Israel vai fingir que aceita, sabendo que os colonatos são vitais para a sua estabilidade e a sua economia. 

A única diferença real entre Obama e Trump, é a ênfase colocada em como o Irão é a causa de todos os males do Médio Oriente . Irão, aliado da Rússia e da China no “one road, one belt”.

O acordo nuclear de 2015 foi, de facto, a página mais bem-sucedida nos oito anos de política externa de Barack Obama. Mas é bom lembrar que as sanções dos EUA contra Teerão existem há 25 anos e nunca foram retiradas devido à oposição da maioria republicana no Congresso. 

Com estas posições, talvez Trump queira recuperar essa parte do Partido Republicano que nunca o amou e que continua a não amar. Pelos vistos o bombardeamento da Síria não foi suficiente para os Reps deixarem passar o Trumpcare. 

Se Trump realmente acredita que é apenas o Irão o desestabilizador do Médio Oriente, e não vê a enormidade dos danos causados pelos seus aliados como a Arábia Saudita, Qatar e a Turquia, então só podemos esperar mais guerra.


Ninguém vive acossado. Sobrevive. E por isso se ajoelha.

O pântano ganhou. Outra vez.



terça-feira, 16 de maio de 2017

Quase 200 anos de hegemonia Prussiana. Parte 2.2 - Inglaterra; França; Rússia e Alemanha. Os "cheks and balances" do inicio da primeira guerra mundial

A Sérvia ter acesso ao mar no início do Séc. XX significa também que a Rússia tem acesso ao mar, sendo que a própria Sérvia passaria de uma pequena potência regional para uma grande potência regional. A Sérvia e a Rússia possuem relações de proximidade isto porque são Eslavos e Ortodoxos, vendo-se a Rússia como o protector desta potência, daí percebendo-se um pouco a participação da Rússia na I Guerra Mundial.
A Alemanha em 1891 inicia as suas leis navais de modo a meter e cheque a Inglaterra no mar, para contrabalançar isso a Inglaterra irá entrar numa aliança com a França, visto que a França e a Rússia já desde 1894 que estão em aliança defensiva contra a Alemanha, de modo que a Inglaterra em 1907 junta-se à Aliança.
A Entonte cordial é uma aliança antagónica, visto que a Inglaterra e a Rússia têm problemas no Médio Oriente, e a França e a Inglaterra têm problemas uma com a outra em África.
A guerra começa quando o Arquiduque Francisco Fernando do Império Austro-húngaro é assassinado na Bósnia (A Bósnia ganha a sua independência em 1878 quando a Rússia ganha uma guerra contra o Império Otomano, de maneira que a Bósnia fica sobre influência do Império Austro-Húngaro, Império este que em 1908 anexa a Bósnia, de maneira a que este Império cresça e para impedir que a Sérvia faça o mesmo. Assim cresce o Nacionalismo sérvio, estes nacionalismos e anarquismos usam a “acção directa”, ou seja Terrorismo, por via do atentado selectivo ou indiscriminado, que se torna numa forma de intervenção politica em voga no final do Séc. XIX pela Europa. O nacionalismo sérvio é financiado pela “Mão Negra” uma organização nacionalista/anarquista sérvia, que irá matar o Arquiduque Francisco Fernando em 28 de Julho de 1914, de maneira que a Sérvia como Estado nada tem haver com o atentado, sendo que a Sérvia informa o Império Austro-húngaro que não há condições de segurança para a visita do Arquiduque, mas mesmo assim este decide ir.), apesar de que o Arquiduque Francisco Fernando era um promotor de se voltar à monarquia dual (desde 1867 a Áustria e a Hungria decidem criar um sistema político único, descentralizando as capacidades de decisão no terreno, se bem que as duas partes não são iguais, visto que a Hungria não poderia ter armamento pesado e não poderia entrar em guerra sem a autorização da Áustria). O que o Arquiduque Francisco Fernando queria era elevar os Eslavos do Sul a Reino e portanto passar a monarquia dual a uma monarquia tripartida, de maneira a que cada uma das partes seria igual a outra, assim mantinha-se um Império que se via a desagregar por influências de Nacionalismos anti Áustria,isto leva a que Francisco Fernando não fosse amado na Áustria.
Com a morte do Arquiduque Francisco Fernando a 28 de Julho de 1914, fica-se à espera das reacções das nações a este atentado, porque no final da I Guerra Mundial, a Alemanha será tida como a principal culpada do início da Grande Guerra, visto que esta no início de Agosto de 1914 inicia invasões para a Polónia russa e francesa antes de declarar guerra à Sérvia. Apesar de tudo, o Império Austro-húngaro não quer entrar em guerra, visto que a Sérvia possui uma aliança muito forte com a Rússia, temendo uma guerra contra a Rússia. O Imperador mais o seu primeiro-ministro não querem entrar em guerra nem mesmo depois da morte do herdeiro da coroa, sendo que outros ministros querem aproveitar esse assassinato de maneira a se imporem sobre a Sérvia com uma indemnização de guerra, mas também para reduzir a importância Geoestratégica à Sérvia por cessação de território ou de imposição de material de guerra. Estas ideias irão permanecer até final de Julho de 1914.
O Embaixador alemão no Império Austro-húngaro afirma que um assassinato desta magnitude tem que ter resposta, sendo que primeiramente o Império Alemão promete-se a ser a retaguarda do Império Austro-húngaro contra a Sérvia, mas isso não poderia por em causa as relações do Império alemão com o Império Russo. Mesmo estando o Império Austro-húngaro dividido quanto ao que se deve fazer. O Império Austro-húngaro envia um ultimato à Sérvia, Ultimato este que foi feito para a Sérvia não aceitar. Este Ultimato pressupunha o final da propaganda anti austríaca na Sérvia, pressupunha o final da actividade de propaganda anti Austríaca na Bósnia que era feita por organizações Servias, e a Servia deveria desmantelar as organizações anti Austríacas, a Áustria fazia-se representar na comissão que investigava a morte do Arquiduque Francisco Fernando, e por ultimo a Áustria fazia-se representar em todas as fazes do julgamento e execução dos culpados pelo atentado, sendo que a Sérvia segundo este ultimato teria de ceder soberania das suas instituições. Ao contrário de todas as expectativas a Sérvia aceita o Ultimato do Império Austro-húngaro.
Esta aceitação da Sérvia pode ser explicada pela Inglaterra. A Inglaterra actua sobre a Sérvia de maneira a que esta aceite as condições para evitar uma guerra que ia custar mais que o que a Sérvia perderia se aceitasse. Em caso de guerra a Inglaterra sabia que se a Sérvia não ia sozinha e portanto não era uma guerra isolada, visto que a Rússia era a protectora da Sérvia, e a própria Rússia começa a mobilizar-se para a guerra, se bem que em segredo.
O problema é que a França afirma que se a Rússia avançar então a França avança para proteger a Rússia se a Alemanha avançar contra a Rússia, visto que a Alemanha apoia a Áustria. O problema para a Alemanha é que a Rússia foi desde o Séc. XIX um perigo iminente para a Prússia (e depois para a Alemanha), sendo que depois de 1815 e do congresso de Viena a Prússia absorve parte da Polónia e o resto vai para a Rússia, de maneira a que se impeça a expansão fácil da Rússia para Oeste (esta é a função da Prússia). A Prússia irá continuar a aumentar até 1871 quando se dá a unificação da Alemanha. Uma Alemanha com medo de uma expansão Russa, de maneira que para além de sentir medo desta expansão, a Alemanha no imediato antes da guerra sente-se cercada, este cerco é explicado pelo sistema de alianças. Apesar de tudo, a Prússia primeiro e a Alemanha depois, tentam conceber boas relações com a Rússia, pelo menos até 1895, isto por causa do Schilfen Plan que é concebido em 1895, visto que só era possível a consolidação da posição alemã sem a preocupação da frente Leste, e portanto por causa da aliança da França com a Rússia a Alemanha espera ter uma guerra em duas frentes semi simultâneas, visto que a Alemanha via o Plano Schlifen como uma boa maneira de destruir rapidamente a França para depois enviar as suas forças pelos seus vastos caminhos de ferros (que serão essenciais e chave) para Leste para combater os exército russos.
Não deve ser esquecido que estes caminhos de ferro construídos pela Telefuken, só são construídos devido ao sistema criado por Bismark no qual grandes empresas empreendiam grandes projectos pagos pelo estado, levando a que o potencial alemão é usado ao máximo nível para gerar enormes redes de caminhos de ferro.
O problema do Plano Schlifen é que pressupõem a queda de neutralidades sucessivas. Em 1912 a Holanda é subtraída da linha de avanço, mantendo-se a Bélgica e Luxemburgo. O objectivo era em 6 semanas conseguir chegar a Paris e resolver o problema da França (as 6 semanas era o período que a Rússia iria demorar para mobilizar o seu grande Exército). Por em causa a neutralidade da Bélgica punha em causa os interesses da Inglaterra (visto que a Inglaterra tinha criado a Bélgica em 1830 para assegurar um território seu amigo e neutral na Europa [consequências do bloqueio continental de Napoleão]). O problema é que a Alemanha tinha a grande convicção de que a Grã-Bretanha não se ia envolver na guerra, sendo isto evidente entre Nicolau II e Guilherme II.
A guerra começa de facto quando a Sérvia diz que gostaria de ter a auditoria do Tribunal Internacional de Haia. A Áustria toma isto como uma quebra da aceitação do Ultimato, retirando o embaixador de Belgrado e declarando guerra à Sérvia, esta que já havia mobilizado as suas forças (mesmo aceitando o Ultimato) e retira a capital de Belgrado. Um mês depois da morte do Arquiduque Francisco Fernando, Belgrado é bombardeada, sendo que a mobilização russa é feita de maneira a que a Áustria veja a mobilização russa e não avance, o que não acontece.
O período anterior à I Guerra Mundial é um período em que a diplomacia é acompanhada por demonstrações de força, de maneira que a Alemanha quando faz passar um navio de guerra do Báltico para o mar do norte, deixa divididas as câmaras inglesas. Loyd George era a favor de pacifismo e Churchil a favor de guerra. Loyd George afirmava que as relações com a Alemanha eram as melhores e portanto quando apresenta o Orçamento de Estado para o ano seguinte demonstra que quer baixar o orçamento da defesa, mas daí a um mês estaria a declarar guerra  à Alemanha pela quebra da neutralidade belga.
A Alemanha invade a Bélgica e o Luxemburgo e a 2 de Agosto morre o primeiro homem francês, ordenando-se assim a mobilização total, uma mobilização que é recebida com muita festa, sendo que depois de 1871 os franceses entraram numa década de crise por causa das compensações de guerra que pagaram à Alemanha e também pela perca da Alsácia e Lorena.
A Alemanha entra em contacto com a Inglaterra com vista a que a Grã-Bretanha se mantivesse neutral. A Grã-Bretanha afirma que para isso a Alemanha tinha apenas que não combater a França no território europeu. A Inglaterra apenas permitia guerra nos territórios franceses em África, mas mesmo Guilherme II podendo querer isto o seu Estado-maior diz que em cenário de guerra isto não é possível, e portanto, a Alemanha diz que não pode manter a integridade do território francês na Europa.
Assim sendo a Alemanha tem que derrotar a França antes da Rússia conseguir mobilizar as suas forças, para isso teria de quebrar a neutralidade da Bélgica e Luxemburgo de maneira a cumprir o Plano Schlifen.
A Inglaterra inicialmente não quer a guerra e tenta inclusive desanimar a Alemanha da guerra,  de tal maneira que só a partir da invasão da Bélgica é que a posição da Inglaterra é que altera, visto que o que a Inglaterra teme é o mudar da sua posição na hierarquia das nações ou seja no mundo, visto que essa ameaça ao status quo vem devido ao expansionismo imperialista Alemão, que por ventura da vitória alemã levará ao redesenhar das hierarquias e ao expansionismo alemão para cima de outros estados como Holanda, Dinamarca, Suécia, etc, ameaçando a Inglaterra e a sua posição.

            A entrada do exército alemão na Bélgica leva a que a Inglaterra se tenha que envolver e transformar o conflito em algo mundial, atendendo à posição de Inglaterra no mundo.