Em 1834 o reina da Prússia, o poderio militar dos
povos alemães decide criar uma união económica entre as dezenas de Estados que compõem
hoje a Alemanha.
Esta
união não faz mais que regular as taxas alfandegárias entre os estados,
regulando assim os preços, conseguindo estabilizar os preços e facilitar as
trocas de pessoas e bens, criando uma comunidade económica.
O
reino da Prússia sai das guerras napoleónicas como uma das vencedoras, mas
mesmo que as guerras napoleónicas vissem a vitória final de Napoleão, as
consequências da guerra eram demasiadas para retrair a Prússia do seu futuro.
Quando
o Imperador Napoleão decreta o bloqueio continental as economias europeias são
obrigadas a adaptar-se a viver sem os bens que eram vendidos pela indústria de
transformação inglesa, bens que não eram produzidos em mais lado nenhum.
Estes
bens eram na sua maioria tecidos, a produção de tecidos europeus estava
totalmente nas mãos da Inglaterra, o que levou a uma falta de tecidos gravíssima
depois do bloqueio continental.
Esta
medida de Napoleão visava destruir a máquina económica inglesa e por usa vez a
vida urbana que mantinha as Forças Armadas inglesas a funcionar. A Inglaterra
vivia quase que exclusivamente do mercado europeu. Impossibilitando o
escoamento do seu quase que único produto para a Europa destruiria a economia
inglesa.
Por
muita verdade que seja, o então reino da Prússia adaptasse, e entra na primeira
vaga de industrialização para substituir a Inglaterra na produção de tecidos e
mais tarde de outros bens para toda a Europa, usando para isto a sua rede de
rios para fazer escoar os seus produtos pela Europa.
A industrialização
da Prússia representa a lógica da máquina industrial que vai suster a Alemanha
na primeira e segunda Guerra Mundial.
A
primeira vaga de industrialização da Prússia cria um sistema que se aproveita
da própria geografia prussiana, isto é, o aproveitamento dos rios para criar
energia.
Ao
contrário da França em que a primeira industrialização levou a que uma
população que estava fortemente urbanizada fugisse para os campos devido á
fome, doença e desemprego nas cidades, na Prússia começam-se a formar fortes
aglomerados de populações á volta dos rios, rios que viam crescer pequenas
industrias financiadas por homens ricos (pertencentes á nobreza ou não) que
financiavam estas pequenas industrias.
O
Estado da Prússia irá servir de catalisador. O Estado irá, a partir do banco do
Estado da Prússia, gerar empréstimos para que estas pequenas indústrias
consigam crescer.
As indústrias
funcionavam numa espécie de pirâmide. No topo estava o Estado que fornecia os
contractos e investimentos. Estes investimentos eram feitos em empresas que se
especializavam num artigo em específico. Por vezes, este artigo não seria
vendido em separado, uma fábrica produzia um artigo que teria de ser produzido
Assim
todas as empresas funcionavam em conjunto para suprimir as necessidades do Estado
Prussiano, conseguindo também levar a população.
No entanto,
aceder a fundos estatais trazia consigo requisitos.
Estes
requisitos eram obra do Chanceler Otto
Von Bismark.
Bismarck
nasceu na Prússia em 1815 no ceio de uma família aristocrática, o que lhe
permitiu estudar e ascender na hierarquia social. A sua vida profissional
começou com a sua entrada para o sector público do Estado prussiano, no entanto
Bismarck acabaria por sair do sector público ao qual só voltaria na década de
1850 depois de casar.
Voltaria
como embaixador, servindo nas embaixadas do Império Russo e da França.
Antes
disto a Prússia começa a anexar vizinhos germânicos, invocando a desculpa do
espírito Germânico, estabelecendo-se o Zollverein como parte deste espírito, e
como ferramenta para escoar os bens da indústria prussiana para o resto dos
Estados alemães que não tinham acompanhado esta evolução industrial.
Estabelecido
o Zollverein, os bens prussianos facilmente começam a chegar a todo o território
do futuro Império Alemão.
Com
o Zollverein estabelecido Bismarck impõe certas regras à Industria.
Estas
regras vêm no seguimento de 1848 e do perigo que o Socialismo representava para
Bismarck.
No início
da década de 1850 Bismarck volta á vida pública como Chanceler de Willhelm I da
Prússia, falando no parlamento prussiano contra o Socialismo.
Como
forma de impedir que as populações urbanas que se tinham gerado pela industrialização
prussiana provocada pelo bloqueio continental se revoltassem - e de forma a
impedir que as industrias que sustentavam os Estado prussiano, quer devido aos
fundos investidos, quer devido aos impostos recolhidos – Bismarck obriga a que
todas as empresas forneçam serviços que hoje em dia são considerados normais.
Pela
primeira vez as empresas eram obrigadas a fornecer serviços de saúde, pensões
por ferimento (as chamadas baixas) e reformas para a população que já não
poderia trabalhar.
Obrigando
a que as empresas suprimissem todas e quaisquer necessidades que os seus
trabalhadores tivessem, impossibilitando assim que os ideias socialistas e
revolucionários entrassem nas populações urbanas, mantendo assim a base do
Estado sólida.
Do lado
do Estado vinha o dinheiro. O Estado que era o maior comprador a estas
industrias gera um sistema no qual as empresas prussianas ficam quase que
dependentes dos contractos estaduais, contractos estes que ao longo dos anos
começam a crescer, obrigando a que as empresas se adaptem, que cresçam e que
sejam capazes de gerar um out put
enorme, o que leva a que empresas maiores comprem empresas mais pequenas de modo
a ser capazes de cumprir as encomendas estatais.
É
exactamente desta forma que hoje em dia funciona a Industria de Defesa dos
Estados Unidos da América, a única diferença é que na Prússia, todos os
sectores funcionavam desta forma, levando a que a industria se desdobrasse por
todos os sectores e que fornecesse todos os produtos que a sociedade prussiana
necessitasse, o que leva a que a Prússia no final do Séc. XIX seja praticamente
auto sustentada.
O
advento da segunda revolução industrial, o uso do carvão e do ferro só vieram
definir de vez a proeminência terrestre da Prússia e futura Alemanha, visto que
o território Alemão onde se encontrava estabelecido o Zollverein era rico em carvão e ferro, o que permitia que facilmente
fossem adquiridas as matérias-primas para as industrias.
Em
quanto Willhelm I foi Rei a Prússia participou em várias guerras que aumentaram
as posses prussianas.
Primeiramente
combateu contra a Dinamarca pela aquisição de territórios no Norte,
seguidamente na década de 1860 Bismarck instigou uma guerra contra o Império
Austro-Húngaro que também ganhou, e finalmente em 1870 conseguiu que entre outros
assuntos, devido á sucessão do trono espanhol, a França declarasse guerra á
Prússia, guerra esta que Bismarck ganha, levando a uma total unificação dos
territórios alemães, coroando-se Willhelm I Imperador da Alemanha e Bismarck o
seu Chanceler em 1871.
Os
territórios ganhos na guerra contra a França deram á Alemanha ferro e
especialmente carvão, o que impulsionou ainda mais a indústria alemã.
No
entanto em 1890 Bismarck desapareceria da vida política.
Em
1884 e 1885 Bismarck como Chanceler alemão convida toda a Europa a reunir em
Berlim para decidirem definitivamente como seria dividido o continente de
África.
Bismarck
publicitou a Alemanha como o neutral (visto que Bismarck afirmava que a Alemanha
era uma potencia terrestre e europeia, devendo continuar assim), de modo que
seria a potência mais bem colocada para servir de árbitro nesta discussão.
A
divisão é feita e a Alemanha acaba por ficar com alguns territórios em África,
mas que Bismarck vê como absorvedores de dinheiro, decidindo não aplicar grandes
fundo públicos nas colónias alemãs, mas incentivando investidores privados a
irem para as colónias e a explorares o terreno, de modo que surge o ditado de
que “A Bandeira segue o comércio”, ou
seja, a bandeira alemã só era hasteada onde um investidor alemão estivesse
presente.
No
começo da década de 1890 o novo Kaiser, Willhelm II, literalmente despede
Bismarck do posto de Chanceler da Alemanha, não gostando que Bismarck discordasse
das suas opiniões.
Willhelm
II possuía ideias de expansão marítima para o Império Alemão. Invejoso da Frota
do seu primo George V de Inglaterra, Willhelm II decide embarcar numa série de
reformas e construção naval levando á criação das 4 leis navais que viriam a
aparecer na primeira metade da década de 1890, estas ideias de expansão
marítima advêm da influência de outro militar, o Almirante Von Tripitz, este
que irá substituir Bismarck como Chanceler Alemão.
Bismarck
acabará morrer poucos anos depois, mas Bismarck e o Zollverein possibilitaram
que a Prússia crescesse até se tornar no Império Alemão, através de guerra, e
de uma Estratégia económica e financeira que colocou a Prússia na frente da
Europa continental.
Assim,
ainda hoje, a Alemanha é a grande Prússia.
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