terça-feira, 16 de maio de 2017

Quase 200 anos de hegemonia Prussiana. Parte 2.2 - Inglaterra; França; Rússia e Alemanha. Os "cheks and balances" do inicio da primeira guerra mundial

A Sérvia ter acesso ao mar no início do Séc. XX significa também que a Rússia tem acesso ao mar, sendo que a própria Sérvia passaria de uma pequena potência regional para uma grande potência regional. A Sérvia e a Rússia possuem relações de proximidade isto porque são Eslavos e Ortodoxos, vendo-se a Rússia como o protector desta potência, daí percebendo-se um pouco a participação da Rússia na I Guerra Mundial.
A Alemanha em 1891 inicia as suas leis navais de modo a meter e cheque a Inglaterra no mar, para contrabalançar isso a Inglaterra irá entrar numa aliança com a França, visto que a França e a Rússia já desde 1894 que estão em aliança defensiva contra a Alemanha, de modo que a Inglaterra em 1907 junta-se à Aliança.
A Entonte cordial é uma aliança antagónica, visto que a Inglaterra e a Rússia têm problemas no Médio Oriente, e a França e a Inglaterra têm problemas uma com a outra em África.
A guerra começa quando o Arquiduque Francisco Fernando do Império Austro-húngaro é assassinado na Bósnia (A Bósnia ganha a sua independência em 1878 quando a Rússia ganha uma guerra contra o Império Otomano, de maneira que a Bósnia fica sobre influência do Império Austro-Húngaro, Império este que em 1908 anexa a Bósnia, de maneira a que este Império cresça e para impedir que a Sérvia faça o mesmo. Assim cresce o Nacionalismo sérvio, estes nacionalismos e anarquismos usam a “acção directa”, ou seja Terrorismo, por via do atentado selectivo ou indiscriminado, que se torna numa forma de intervenção politica em voga no final do Séc. XIX pela Europa. O nacionalismo sérvio é financiado pela “Mão Negra” uma organização nacionalista/anarquista sérvia, que irá matar o Arquiduque Francisco Fernando em 28 de Julho de 1914, de maneira que a Sérvia como Estado nada tem haver com o atentado, sendo que a Sérvia informa o Império Austro-húngaro que não há condições de segurança para a visita do Arquiduque, mas mesmo assim este decide ir.), apesar de que o Arquiduque Francisco Fernando era um promotor de se voltar à monarquia dual (desde 1867 a Áustria e a Hungria decidem criar um sistema político único, descentralizando as capacidades de decisão no terreno, se bem que as duas partes não são iguais, visto que a Hungria não poderia ter armamento pesado e não poderia entrar em guerra sem a autorização da Áustria). O que o Arquiduque Francisco Fernando queria era elevar os Eslavos do Sul a Reino e portanto passar a monarquia dual a uma monarquia tripartida, de maneira a que cada uma das partes seria igual a outra, assim mantinha-se um Império que se via a desagregar por influências de Nacionalismos anti Áustria,isto leva a que Francisco Fernando não fosse amado na Áustria.
Com a morte do Arquiduque Francisco Fernando a 28 de Julho de 1914, fica-se à espera das reacções das nações a este atentado, porque no final da I Guerra Mundial, a Alemanha será tida como a principal culpada do início da Grande Guerra, visto que esta no início de Agosto de 1914 inicia invasões para a Polónia russa e francesa antes de declarar guerra à Sérvia. Apesar de tudo, o Império Austro-húngaro não quer entrar em guerra, visto que a Sérvia possui uma aliança muito forte com a Rússia, temendo uma guerra contra a Rússia. O Imperador mais o seu primeiro-ministro não querem entrar em guerra nem mesmo depois da morte do herdeiro da coroa, sendo que outros ministros querem aproveitar esse assassinato de maneira a se imporem sobre a Sérvia com uma indemnização de guerra, mas também para reduzir a importância Geoestratégica à Sérvia por cessação de território ou de imposição de material de guerra. Estas ideias irão permanecer até final de Julho de 1914.
O Embaixador alemão no Império Austro-húngaro afirma que um assassinato desta magnitude tem que ter resposta, sendo que primeiramente o Império Alemão promete-se a ser a retaguarda do Império Austro-húngaro contra a Sérvia, mas isso não poderia por em causa as relações do Império alemão com o Império Russo. Mesmo estando o Império Austro-húngaro dividido quanto ao que se deve fazer. O Império Austro-húngaro envia um ultimato à Sérvia, Ultimato este que foi feito para a Sérvia não aceitar. Este Ultimato pressupunha o final da propaganda anti austríaca na Sérvia, pressupunha o final da actividade de propaganda anti Austríaca na Bósnia que era feita por organizações Servias, e a Servia deveria desmantelar as organizações anti Austríacas, a Áustria fazia-se representar na comissão que investigava a morte do Arquiduque Francisco Fernando, e por ultimo a Áustria fazia-se representar em todas as fazes do julgamento e execução dos culpados pelo atentado, sendo que a Sérvia segundo este ultimato teria de ceder soberania das suas instituições. Ao contrário de todas as expectativas a Sérvia aceita o Ultimato do Império Austro-húngaro.
Esta aceitação da Sérvia pode ser explicada pela Inglaterra. A Inglaterra actua sobre a Sérvia de maneira a que esta aceite as condições para evitar uma guerra que ia custar mais que o que a Sérvia perderia se aceitasse. Em caso de guerra a Inglaterra sabia que se a Sérvia não ia sozinha e portanto não era uma guerra isolada, visto que a Rússia era a protectora da Sérvia, e a própria Rússia começa a mobilizar-se para a guerra, se bem que em segredo.
O problema é que a França afirma que se a Rússia avançar então a França avança para proteger a Rússia se a Alemanha avançar contra a Rússia, visto que a Alemanha apoia a Áustria. O problema para a Alemanha é que a Rússia foi desde o Séc. XIX um perigo iminente para a Prússia (e depois para a Alemanha), sendo que depois de 1815 e do congresso de Viena a Prússia absorve parte da Polónia e o resto vai para a Rússia, de maneira a que se impeça a expansão fácil da Rússia para Oeste (esta é a função da Prússia). A Prússia irá continuar a aumentar até 1871 quando se dá a unificação da Alemanha. Uma Alemanha com medo de uma expansão Russa, de maneira que para além de sentir medo desta expansão, a Alemanha no imediato antes da guerra sente-se cercada, este cerco é explicado pelo sistema de alianças. Apesar de tudo, a Prússia primeiro e a Alemanha depois, tentam conceber boas relações com a Rússia, pelo menos até 1895, isto por causa do Schilfen Plan que é concebido em 1895, visto que só era possível a consolidação da posição alemã sem a preocupação da frente Leste, e portanto por causa da aliança da França com a Rússia a Alemanha espera ter uma guerra em duas frentes semi simultâneas, visto que a Alemanha via o Plano Schlifen como uma boa maneira de destruir rapidamente a França para depois enviar as suas forças pelos seus vastos caminhos de ferros (que serão essenciais e chave) para Leste para combater os exército russos.
Não deve ser esquecido que estes caminhos de ferro construídos pela Telefuken, só são construídos devido ao sistema criado por Bismark no qual grandes empresas empreendiam grandes projectos pagos pelo estado, levando a que o potencial alemão é usado ao máximo nível para gerar enormes redes de caminhos de ferro.
O problema do Plano Schlifen é que pressupõem a queda de neutralidades sucessivas. Em 1912 a Holanda é subtraída da linha de avanço, mantendo-se a Bélgica e Luxemburgo. O objectivo era em 6 semanas conseguir chegar a Paris e resolver o problema da França (as 6 semanas era o período que a Rússia iria demorar para mobilizar o seu grande Exército). Por em causa a neutralidade da Bélgica punha em causa os interesses da Inglaterra (visto que a Inglaterra tinha criado a Bélgica em 1830 para assegurar um território seu amigo e neutral na Europa [consequências do bloqueio continental de Napoleão]). O problema é que a Alemanha tinha a grande convicção de que a Grã-Bretanha não se ia envolver na guerra, sendo isto evidente entre Nicolau II e Guilherme II.
A guerra começa de facto quando a Sérvia diz que gostaria de ter a auditoria do Tribunal Internacional de Haia. A Áustria toma isto como uma quebra da aceitação do Ultimato, retirando o embaixador de Belgrado e declarando guerra à Sérvia, esta que já havia mobilizado as suas forças (mesmo aceitando o Ultimato) e retira a capital de Belgrado. Um mês depois da morte do Arquiduque Francisco Fernando, Belgrado é bombardeada, sendo que a mobilização russa é feita de maneira a que a Áustria veja a mobilização russa e não avance, o que não acontece.
O período anterior à I Guerra Mundial é um período em que a diplomacia é acompanhada por demonstrações de força, de maneira que a Alemanha quando faz passar um navio de guerra do Báltico para o mar do norte, deixa divididas as câmaras inglesas. Loyd George era a favor de pacifismo e Churchil a favor de guerra. Loyd George afirmava que as relações com a Alemanha eram as melhores e portanto quando apresenta o Orçamento de Estado para o ano seguinte demonstra que quer baixar o orçamento da defesa, mas daí a um mês estaria a declarar guerra  à Alemanha pela quebra da neutralidade belga.
A Alemanha invade a Bélgica e o Luxemburgo e a 2 de Agosto morre o primeiro homem francês, ordenando-se assim a mobilização total, uma mobilização que é recebida com muita festa, sendo que depois de 1871 os franceses entraram numa década de crise por causa das compensações de guerra que pagaram à Alemanha e também pela perca da Alsácia e Lorena.
A Alemanha entra em contacto com a Inglaterra com vista a que a Grã-Bretanha se mantivesse neutral. A Grã-Bretanha afirma que para isso a Alemanha tinha apenas que não combater a França no território europeu. A Inglaterra apenas permitia guerra nos territórios franceses em África, mas mesmo Guilherme II podendo querer isto o seu Estado-maior diz que em cenário de guerra isto não é possível, e portanto, a Alemanha diz que não pode manter a integridade do território francês na Europa.
Assim sendo a Alemanha tem que derrotar a França antes da Rússia conseguir mobilizar as suas forças, para isso teria de quebrar a neutralidade da Bélgica e Luxemburgo de maneira a cumprir o Plano Schlifen.
A Inglaterra inicialmente não quer a guerra e tenta inclusive desanimar a Alemanha da guerra,  de tal maneira que só a partir da invasão da Bélgica é que a posição da Inglaterra é que altera, visto que o que a Inglaterra teme é o mudar da sua posição na hierarquia das nações ou seja no mundo, visto que essa ameaça ao status quo vem devido ao expansionismo imperialista Alemão, que por ventura da vitória alemã levará ao redesenhar das hierarquias e ao expansionismo alemão para cima de outros estados como Holanda, Dinamarca, Suécia, etc, ameaçando a Inglaterra e a sua posição.

            A entrada do exército alemão na Bélgica leva a que a Inglaterra se tenha que envolver e transformar o conflito em algo mundial, atendendo à posição de Inglaterra no mundo.


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