segunda-feira, 15 de maio de 2017

Quase 200 anos de hegemonia prussiana - Parte 2.1 - Os Balcãs como fonte de conflito na Europa. As bases da Primeira Guerra Mundial.

A guerra é europeia, sendo que apesar do palco mais estudado ser o europeu, o médio Oriente e os Balcãs são palcos quentes deste conflito, sendo que para além da diferenças étnicas e dos interesses geopolíticos e geoestratégicos, existe um legado dos impérios que por aí passaram, havendo católicos ortodoxos, muçulmanos, judeus etc.
            Em 1829 é reconhecido internacionalmente a independência da Grécia, e a Sérvia ganha autonomia dentro do Império Otomano. Em 1878 a seguir ao tratado de Berlim, a Sérvia é reconhecida como independente, sendo que este tratado vem desenhar os Balcãs, sendo que é despoletado por uma guerra entre os Otomanos e os Austro-húngaro, de modo a que os Otomanos são afastados progressivamente até ás guerras balcânicas (que antecederam a Primeira Guerra Mundial). É nestas Guerras Balcânicas que os Otomanos retiram por completo das zonas Balcânicas, saindo os Balcãs vencedores, os vencedores viram-se contra a Bulgária, sendo que a Bulgária sai muito poderosa da primeira guerra, sendo que o desentendimento entre os antigos aliados oferece á Turquia a possibilidade de voltara a ocupar territórios que perdeu.
            No séc. XIX a lógica da diplomacia europeia é a ideia do “Homem doente” e como homem doente, os familiares vão repartindo entre si as áreas que querem. A divisão das posses dos Homem Doentes, serve para resolver problemas entre Impérios e Potências na Europa, sendo que a Turquia é o Homem doente na Europa, em África o Homem Doente é o Império Português e na Ásia havia a China.
            No caso português existem negociações entre Alemães e Ingleses desde 1898 até 21 Outubro de 1913, e na China em 1842 os Ingleses tentam forçar a entrada do ópio na China, em benefício da Companhia da Índia Oriental Inglesa. Esta Guerra do ópio leva a que existam os chamados “Tratados desiguais”, que era na sua essência, o acesso dos Ingleses a zonas do Império Chinês que passavam a ser na prática governadas e controladas pelos ingleses, sendo que as restantes potências irão querer o mesmo, e a China, na metade do séc. XIX irá querer alienar as potências nos seus territórios.
            Nos Balcãs, as guerras balcânicas são despoletadas por causa da iniciativa Italiana de atacar o Império Otomano na Líbia, de modo a conseguir aí estabelecer uma colónia, sendo que a Itália consegue esse território em 1912, oferecendo uma imagem de fraqueza da Turquia, e portando as potências regionais ficam com a ideia de que se pode atacar a Turquia.
            Em 1882 forma-se a Tríplice Entente entre o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro e da Itália. A Entrada da Itália numa aliança com o Império Austro-húngaro é estranha, mas tem que se ver que a unificação da Itália em 1871 só se dá com o apoio do Império Alemão (que se unificou no mesmo ano), assim sendo, o Império Alemão tendo um aliado no Mediterrâneo fazia com que a França e a Inglaterra não tivessem mão livre no Mediterrâneo, visto que só a partir de 1891 é que a Alemanha tem uma política de construção naval. Visto que o acesso ao mar permite escoar produtos, e ter poder de fogo acrescido.
            A Sérvia não tem costa, sendo que o Império Austro-Húngaro, tem uma enorme costa, e se a Sérvia consegue um acesso ao mar (Águas quentes do Mediterrâneo), para isso são apoiados pelo seu grande aliado que é a Rússia, e a Rússia quer acesso a águas quentes, sendo que assim conseguem ameaçar o controlo dos Ingleses sobre o Mediterrâneo e sobre o canal do Suez e por sua vez o caminho para o maior poder económico inglês que é a Índia. Também no final do Séc. XIX com o advento de novas tecnologias termodinâmicas começasse a precisar de combustível para além do carvão, que é o Petróleo, sendo que a primeira área onde se explora petróleo é a Pérsia, que é controlada pelos Ingleses que escoam o petróleo por mar. Os alemães em 1899 gastam enormes quantidades de dinheiro em construir um caminho-de-ferro de Berlim a Bagdad, de modo a controlar o Império Otomano e de maneira a escoar os Petróleo, de maneira a tentar anular o monopólio da Inglaterra por mar.
            Em 1898, os Alemães anunciam as suas leis navais, que vão de 1898 até 1914 (Autores afirmam 3 leis outros afirmam 4). O seu objectivo é aumentar a capacidade marítima da Alemanha, quer em termos quantitativos e qualitativos, começando em 1898 um esforço alemão de aumento das suas forças terrestres e ao mesmo tempo aumenta as suas forças navais, começando com a construção de Couraçados em 1898, passando pelo desenvolvimento de novos sistemas de Armamento, que não entram em conformidade com as Conferências da Paz em Haia (conferencias que tentam parar o escalar da construção de armamento), a primeira foi convocada em 1899 por Guilherme II da Rússia, ao mesmo tempo em que os Ingleses estão em Guerra com os Boers, sendo que os Boers estão em Guerra com a Inglaterra. Nesta primeira Conferência, pretende-se limitar os orçamentos para o Armamento, sendo que se via que o aumento desse orçamento fazia com que não se aplicasse esse dinheiro no comercio europeu, tenta-se proscrever as balas de fragmentação e os gases asfixiantes, pretende-se proscrever projecteis enviados de balões, e pretende-se que as Nações se submetam a um Tribunal Internacional da Paz em Haia. Este movimento pacifista das sociedades europeias, nada tem haver como o movimento socialista que também é pacifista, nesta primeira conferência tenta-se oferecer o conceito de guerra como antiquado e não merecedor de atenção por parte de civilizações avançadas, sendo que a guerra de 1914 mostra que não vai ser bem assim.
            A segunda em 1907, realiza-se sobre o convite de Wilson, sendo que o convite é feito em 1904, para se fazer a conferência em 1905, mas nesse ano inicia-se a Guerra Sino-Russa, e portanto só acontece em 1907, reunindo 44 países (ao contrário dos 22 primeiros). A Bulgária em 1899 aparece com delegação pela Turquia, sendo que em 1907 já aparece com delegação própria. Nesta segunda conferência tenta-se criar regras para que se saiba o que é um Neutral, um Beligerante e as regras entre estes, de modo a que o armamento e tácticas a utilizar.
             A Inglaterra até 1914 tem que trazer tudo do mundo para si, sendo que os seus interesses estão em juros sobre o capital emprestado, que está na América Latina, do norte, India e Canal do Suez, ou seja, são a primeira praça financeira do mundo, sendo que das suas colónias retiram as matérias para a sua indústria. Na Europa, o interesse Inglês era o de controlar o expansionismo Russo, visto que a Rússia é a única potência que pode desestabilizar os seus interesses no Extremo Oriente e no Médio Oriente, mas também têm o interesse em para uma Guerra que altere o satus quo da Europa, como era o caso da Alemanha, que ao construir caminhos-de-ferro pelo Império Otomano, ameaçando assim as posses inglesas e o monopólio inglês no Médio Oriente. A Bélgica e a sua Neutralidade é um outro factor que obriga a entrada da Inglaterra em guerra, visto que quem controla a Bélgica tem capacidade para entrar na Inglaterra, visto que esta é o quintal da Inglaterra, sendo assim a Bélgica é Geoestratégicamente importante para todas as potências como tampão.
            Nos Balcãs temos Império Otomano, Império Austríaco (que vai anexar em 1908 a Bósnia Herzegovina, para impedir a Sérvia de chegar ao mar), temos a Sérvia, temos a Rússia, a Grécia (com aliados como a França e a Inglaterra), o Montenegro e a Bulgária (que vai entrar em confronto com a Sérvia). Sendo assim cada uma destas potências irá seguir o seu próprio caminho. Havendo potências que ganham a guerra dos Balcãs, perdem a Primeira guerra Mundial, e as que ganham a Primeira Guerra Mundial, perdem contra potências menores no pós guerra. A Inglaterra ganha a Primeira Guerra Mundial, mas perde em 1921 a Guerra contra a Irlanda, tal como a Alemanha que perde a Primeira Guerra Mundial, mas depois irá ganhar contra a Polónia em 1939.
            O Império Otomano será a grande surpresa da Primeira Guerra Mundial, sendo que era visto como o “Homem Doente”, mas que na Primeira Guerra Mundial se torna como essencial porque é pelo Império Otomano que passa o Petróleo que é preciso para mover as máquinas de Guerra. Para além da derrota dos contingentes Ingleses em Gallipoli, e também em Bassorá, visto que aí passam rotas petrolíferas importantes, que hoje a Rússia apoia rebeldes para conquista desta cidade contra o DAESH.
            A Primeira Guerra Mundial vai obrigar os aliados a fabricar industria especifica como os magnetos que os carros usam, que até 1914 só eram produzidos pela BOSH (alemã), sendo que depois de começaram a construir estas indústrias, então começam a passar as suas fábricas para zonas como a América.
            O Império Austro-húngaro tenta manter a sua ordem política por uma ordem geográfica, sendo que a Sérvia tenta chegar ao mar pela ocupação da Albânia, sendo que no seguimento desta ocupação a Sérvia recebe um ultimato. A Albânia que é fundada por entendimento entre o Império Austro-Húngaro e Otomano, para impedir a Sérvia de chegar ao mar, sendo quem em 1913 a Sérvia ocupa a Albânia e recebe um Ultimato para retirar num período de 8 dias. Assim sendo, o Império Austro-húngaro retira-se da concertação das potências, fazendo-se passar por protector da Albânia. Este acto do Império Austro-Húngaro é repudiado pelas potências Europeias, sendo que Guilherme II da Alemanha envia um telegrama ao Imperador Austro-húngaro, felicitando este pela iniciativa e criticando ao mesmo tempo, sendo que ao mesmo tempo vê-se a Alemanha a preparar a sua população, principalmente por propaganda, para que a sua população se prepara para uma guerra entre os Teutónicos e os Bárbaros (isto é feito desde 1912), sendo que se a Sérvia ganha acesso ao mar e ter como grande aliado da Rússia, dando assim grande exposição e ascendência à Rússia e por isso expor a Alemanha à força Russa, visto que assim também se enfraquece o Império Austro-Húngaro. A Sérvia vale pela importância que tem para a Rússia.
            Em 1904 a Inglaterra e a França assinam um tratado quem em 1905 se torna Ofensivo e Defensivo, sendo que o assinam para resolver a crise de Marrocos. Finalizando-se em 1907 a aliança com a Rússia porque esta com a Inglaterra resolvem o que têm a resolver nos Balcãs.
           Os conflitos de interesses que explodem para o Médio Oriente, Norte de África e Europa, devido ao acesso ao mar, e devido à capacidade ou não de escoar matérias levará em ultimo caso à guerra.
           Hoje em dia o acesso ao mar aberto, como podemos ver pela Rússia ou a China, continua a ser vital e razão para conflitos.



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