quarta-feira, 24 de maio de 2017

Quase 200 anos de hegemonia Prussiana. Parte 3 - De Junho a Agosto de 1914. Da Guerra europeia à Primeira Guerra Mundial.

A Inglaterra inicialmente não quer a guerra e tenta inclusive desanimar a Alemanha da guerra, mas depois da invasão da Alemanha sobre a Bélgica, de maneira que só aí é que a posição da Inglaterra é que altera, visto que o que a Inglaterra teme é o mudar da sua posição na hierarquia das nações ou seja no mundo, visto que essa ameaça ao status quo vem devido ao expansionismo imperialista Alemão, que por ventura da vitória alemã levará ao redesenhar das hierarquias e ao expansionismo alemão para cima de outros estados como Holanda, Dinamarca, Suécia, etc, e assim ameaçar a Inglaterra e a sua posição.
            A entrada do exército alemão na Bélgica leva a que a Inglaterra se tenha que envolver e transforma o conflito em algo mundial, tendo em conta a posição de Inglaterra no mundo.
            A entrada e progressão das forças alemãs na Bélgica, em Agosto de 1914, é semelhante á progressão e entrada das forças austríacas na Sérvia, o que leva aos famosos massacres dos países ocupados, sendo que este tipo de massacres são actos de violência injustificados.
            Se até Junho de 1914, a guerra é algo de vitória fácil na perspectiva do HQ alemão e que considera esta guerra com duas frentes, em Agosto de 1914 a ideia do Kaiser a ideia já não é a mesma, sendo que esta mudança de ideia passa pela declaração de guerra por parte de Inglaterra, se bem que na câmara do governo é dito que nada obriga a que a Inglaterra assuma as responsabilidades terrestres da guerra, sendo que entrar com o seu exército na guerra deixaria o território britânico sem defesa, o que levou a um incentivo ao recrutamento, sendo que há uma afluência considerável dos ingleses, sendo que a impressa inglesa tem forte culpa nisto, até com a publicação de noticias falsas sobre o inimigo, para motivar a população inglesa com a adesão de forças, e tenta-se assim legitimar a entrada da Inglaterra na guerra, sendo que que a entrada na guerra aposição inglesa no mundo fica em risco, mas hesitando sempre enviar forças terrestres para França. Isto em Agosto de 1914.
            Lord Kitchener, comandante do Estado Maior Inglês, homem e militar de grande experiência militar, acha que a Inglaterra não está preparada para a guerra europeia, visto que a Inglaterra está habituada a outros povos, com menos tecnologia, com outro ambiente, sendo que assim se achava que a Inglaterra não se iria dar bem.
            Para mais a Inglaterra não tem por exemplo, uniformes suficientes para vestir os homens que precisa e tenta recrutar, e os primeiros recrutados vão com fardas dos correios porque a Inglaterra não se preparou como deve de ser para a afluência de homens.
            A Inglaterra quereria estancar o avanço alemão sem se envolver directamente com a potência alemã, sendo que até nas conferências de paz, a Inglaterra tenta sempre fazer algumas cedências à Alemanha, e portanto quando a Inglaterra entra na guerra, entra contrariada.
            A Inglaterra não queria decididamente que a Alemanha ganhasse a guerra visto que, se a Alemanha dominasse o continente europeu, quer por conquista quer por influência, então a Inglaterra não via um futuro para a Inglaterra no continente europeu, sendo que até 1915, e a entrada da Itália na guerra, a Inglaterra tem sempre a ideia de que se deve tentar criar paz com a Alemanha, visto que a Inglaterra estava numa guerra que também não tinha a certeza de que conseguiria ganhar, o que altera em 1915 e com a entrada da Itália na guerra do lado dos Aliados é a supremacia naval que os aliados ganham no Mar Mediterrâneo, sendo que o Império Otomano revelou-se não o Homem doente da Europa, mas sim uma força que daria muitos afazeres e dores de cabeça aos ingleses, e que iria ameaçar as fontes de petróleo inglesas.
            Em Agosto de 1914 os Ingleses conseguem meter no terreno do Médio Oriente cerca de 50.000 homens. Muitos desses serão homens indianos que foram recrutados no império, mas que não se adaptaram ao clima europeu, mas revelaram melhores capacidades de lidarem com o clima no médio oriente.
            Na Irlanda irá haver um movimento patriótico, sendo que irá levantar 100.000 homens que irá oferecer para combater pelos ingleses em França, sendo que Lord Kitchiner irá recusar estas forças, de maneira a que assim o movimento independentista irlandês irá oferecer os seus préstimos ao Kaiser, oferecendo uma nova frente que se presta a destruir a capacidade de resistência da Inglaterra, e isto irá dar origem a repressões na Irlanda, visto que em tempo de guerra estes homens irão ser chamados de traidores, o que leva a que traidores à pátria são executados como tal, de maneira a que isto irá levar a descontentamento popular, sendo que os populares acusavam este grupo como traidores, mas o tratamento de que estes compatriotas sofrem, leva a que comesse a haver simpatia por estes homens, o que levou a que quanto em 1918 a Inglaterra saísse de vencedora da Primeira Guerra Mundial, mas entra logo em guerra na Irlanda, que perde.
            A própria Inglaterra, depois da declaração de guerra contra a Alemanha, demora 3 semanas a fazer passar as suas forças para o outro lado do canal da mancha, o que demonstra a falta de preparação em termos de forças terrestres para a guerra. A Inglaterra, não tem ao início formas de vestir os seus homens, depois não tem armamento suficiente (se bem que é resolvido rápido), depois não tem como alimentar as suas forças, sendo que as potências europeias possuem estruturas e planos logísticos para fornecer as suas forças.
            Agosto de 1914 demonstra as dificuldades de Inglaterra, mas mostra também uma guerra em que ambas das partes se mostram conhecedoras das características da outra parte, sendo que a Inglaterra quando entra na guerra mostra-se como defensora das minorias étnicas, como a minoria checa do império Austríaco, ou seja, demonstra-se ser capaz de minar os inimigos no seu interior. Os russos também se vão mostrar como promotores da Polónia livres e os austríacos também se vão mostrar como apoiantes de uma Polónia libertada. A Polónia está repartida entre a Rússia e a Alemanha, sendo que a Áustria vem a chamar pela independência da Polónia que está sobre a Rússia, de maneira que o Império Austro-Húngaro irá criar uma Legião de 100.000 homens polacos, para que estes combatam pela Polónia russa, sendo que o fim da guerra e a perda da Rússia, os polacos ficariam com um território independente na Rússia conquistada e a parte polaca no Império Austríaco teria benefícios e poderes próprios como tinha a Hungria dentro do Império.
            Em Agosto de 1914 na fronteira da Polónia austríaca com a Polónia russa, Lenine é preso, tal como foram presos os cidadãos das potências beligerantes dentro do Império austríaco. Os Sociais-democratas austríacos apoiam a ideia da liberdade de Lenine, sendo que estes defendem a ideia de que se Lenine entrar na Rússia, este irá causar distúrbios e ajudar o Império austríaco na guerra.
            Na Rússia, quando se começa a aperceber que a guerra será longa, então começasse a sentir uma oposição á participação na guerra. Em 1914 a população russa, ao contrário da população alemã, inglesa e francesa, não está predisposta a entrar em guerra, daí a boa recepção das ideias sociais-democratas, sendo que na Rússia os ideias sociais-democratas de que os trabalhadores não devem travar armas uns com os outros, mas estas ideias não se geram na Alemanha e Império Austríaco, sendo que na Rússia a mobilização torna-se mais complicada. A População russa em Agosto de 1914 preocupa a França e a Inglaterra, visto que estas duas potências vêm a população russa como permeável tendo em conta os ideias de apoio de minoria que vem da Alemanha e do Império austríaco, sendo que irá haver apoio a emancipações Geórgia e arménias, sendo que a ideia dos Alemães e aliados seria de fazer da Rússia uma manta de retalho que levasse a uma mais fácil derrota da Rússia.
            A Rússia conseguiu no entanto surpreender a Alemanha logo no primeiro mês, obrigando a que a Alemanha reorganize os seus planos, visto que o Exército russo avança rapidamente dividido em duas forças distintas, o que leva a que o domínio alemão na Prússia fique em risco. Inicialmente o Plano Schliffen achava que o exército russo demoraria 6 semanas a mobilizar, e portanto os alemães teriam essas 6 semanas para derrotar a França e depois avançar para Leste, isto não acontece com a rápida mobilização russa. Assim, em Agosto de 1914 os alemães vão chamar o General Von Hindenburg que era considerado velho para a época, para conter os russos a Leste. A mobilização alemã a Leste com o uso excepcional dos caminhos-de-ferro e com a divisão dos combates levando á batalha da floresta de Tutenburg que quando é apresentada como vitória ao Kaiser é elevada a uma batalha mítica.
            O Estado-maior alemão sofre de um excesso de confiança, sendo que depois essa confiança foi destruída pelos eventos, mas a Alemanha queria no entanto combater as forças francesas, inglesas e belgas ao mesmo tempo de maneira a demonstrarem a sua superioridade, sendo que talvez tenha sido demais. Esta expectativa irá levar a que a resistência apresentada seja mais do que o que os alemães estão á espera, sendo que a resistência belga será na forma de guerrilha, de modo que as forças alemãs não aceitam que haja forma de guerra se não a convencional, o que irrita imenso os generais alemães. Os refugiados belgas inicialmente passam para a França e depois alguns para a Inglaterra, sendo que não questionando o martírio belga, os refugiados são olhados de lado, sendo que serão tratados de uma maneira que não se espera para a condição de refugiados.
            Outra surpresa na guerra é o contra ataque Sérvio contra o Império Austríaco. A capacidade da Sérvia de reagir à Áustria em Agosto de 1914 é tão forte que obriga a Áustria a retirar de espaço Sérvio por completo, o que cria na Sérvia uma aura de invencibilidade que irá durar até ao final da guerra, sendo que esta aura leva a que no pós guerra a Sérvia seja forte na redefinição do Balcãs no pós guerra. A própria Sérvia irá ser alvo de massacres e irá aproveitar isto para uma guerra de propaganda, sendo que as notícias são feitas para impressionar, exagerando as noticias para provocar reacções.
            A 23 de Agosto de 1914 o Japão declara guerra à Alemanha, sendo que o Japão tenta através do contexto de guerra para se apoderar das posses alemãs na Ásia, sendo que a sua entrada é pragmática no seu caso, sendo que no imediato do pós guerra, o Império Alemão é o aliado preferencial do Japão, sendo que importa conhecimento, materiais e reformas militares. Para mais quando em 1904 o Japão sai vitorioso contra a Rússia mas perde na dinâmica diplomática, sendo que a Inglaterra e os EUA não querem o crescimento do Japão na Ásia, e assim saindo da guerra como vitorioso, não ocupa o território conquistado.
            A entrada do Japão na guerra em Agosto de 1914 é uma dos impedimentos dos EUA entrarem na Primeira Guerra, sendo que o outro aliado que os EUA não querem é a Rússia porque é autocrática, e assim em 1917 depois da queda da monarquia na Rússia isto deixa de ser um impedimento. Em 1914 o Japão era Nacionalista e Imperial, e uma posição fortíssima dos militares na sociedade japonesa, sendo que nunca tocando na estrutura imperial, os militares estabelecem-se como instituição estatal. O Japão é um regime militarizado e nacionalista, sendo que este nacionalismo é anti-ocidental.

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