Duvido que 1% dos portugueses consiga encontrar Montenegro no Mapa. No
entanto este país dos Balcãs vai-se tornar em breve num novo membro de pleno
direito da NATO.
Quando se formou a aliança atlântica, o seu propósito era impedir que a
União Soviética de Stalin dominasse tanto a Europa ocidental quanto a oriental.
Nada mais que isto. No entanto, uma NATO dominada pelos Estados Unidos, sobreviveu
à Guerra Fria e mesmo depois do colapso do Pacto de Varsóvia continuou e até
acelerou a sua expansão para zona de influência russa, isto quando após o fim
da bipolaridade, os europeus rapidamente cortaram o numero de forças e o dinheiro
nela envolvido pois o Tio Sam continuava em prontidão.
Foi neste contexto, de necessário repensar da NATO como organização
militar e de redução de efectivos e meios, que se percebeu que se devia trabalhar. Este era o
discurso do Trump pré-eleitoral. Um discurso que faz todo o sentido.
É por isso que à
primeira vista, não se percebe qual o argumento para apoiar o juntar à NATO
este pobre país com cerca de 600 000 pessoas, com menos de 2.000 soldados
e sete helis e que se encontra há muito na esfera de influência da Rússia, quer histórica, quer
socio-economica que geográficamente.
O Montenegro não
enfrenta quaisquer ameaças militares. É um dos Estados criados com o fim da Jugoslávia
tal como os seus vizinhos. O Montenegro estando na área de influencia da antiga
URSS e agora da Rússia não faz fronteira com ela; um novo Exército Vermelho de
Putin teria de conquistar a Ucrânia, a Roménia ou a Hungria, e depois a Sérvia,
antes de chegar ao Montenegro. Isso é trabalho a mais para tão pouco ganho. Será
que vale a pena testar o artigo 5º no caso de termos mais um problema neste pais ?
Já não basta a Turquia ?
Mais, ao contrário do
que os próprios estatutos da NATO exigem, este estado não está preparado
politicamente para a adesão. Há mais nações menos bem governadas na NATO como a Turquia mas, pelo menos, esta última tem poder militar e faz parte
dos sistemas NATO à muito. Acrescentar uma democracia semidesenvolvida, de
lideres corruptos que unicamente pretendem dinheiro da NATO em troca de
gritarem o medo que têm de Putin, um pais sem força militar, com
classificações baixas ao nível dos direitos políticos e liberdades civis e com enormes
restrições à liberdade de reunião pacífica e assédio e discriminação contra aos
LGBT, não faz qualquer sentido.
Assim sendo, a
continuação e aprovação de todo o ocidente à entrada deste estado só pode ser mais
um acto de provocação à Rússia, como já tinha sido a ameaça de controle da Ucrânia
e da Geórgia pela EU/NATO.
Que não devemos
estranhar isso desta EU aceito. Que Trump tenha dado o aval a isto surpreende-me,
ou não…parece-me que em torno de Trump, continuam investigações aos seus contactos
de pré-campanha com os russos, as afirmações da interferência de Moscovo na sua
eleição e perguntas sobre conexões comerciais ou indiscrições pessoais que o
tornam vulnerável a Putin. Capturado por estes factos na opinião publica
americana, a
posição de Trump sobre o Montenegro está agora alinhada com a opinião
passada de Obama e os seus democratas intervencionistas bem como com os neo-cons
do seu partido. Isto indicia claramente que ele deixou de ser um crítico da NATO,
estando agora apostado na sua renovação. Mais uma surpresa pós-eleitoral.